Roleplay of legends
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Necis
Necis
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Data de inscrição : 30/09/2018

Mount Targon Empty Mount Targon

Seg Out 01, 2018 11:12 pm
Mount Targon Targon10

O Monte Targon é o mais imponente pico de Runeterra - uma montanha gigantesca de rochas endurecidas pelo sol no meio de uma série de cumes incomparáveis em escala com qualquer outro lugar do mundo. Localizado longe da civilização, o Monte Targon é completamente remoto e impossível de alcançar, exceto pelos exploradores mais determinados. Muitas lendas estão ligadas ao Monte Targon e, tal como qualquer lugar mítico, é um farol para sonhadores, loucos e exploradores em busca de aventura. Algumas destas almas corajosas tentam escalar a montanha impossível, talvez à procura de sabedoria ou iluminação, ou talvez em busca de glória ou para satisfazer o desejo profundo de ver seu cume. A subida é quase impossível, e os poucos que, de alguma forma, sobrevivem à escalada quase nunca falam sobre o que viram. Alguns regressam com um olhar sombrio e vazio, outros ficam mudados completamente, imbuídos por um Aspeto de poder sobrenatural e inumano, com um destino que poucos mortais podem compreender.

  Governo  
  Nível de Tecnologia  
  Ambiente Geral  
  Idioma  
  Teocracia Tribal   
  Baixo  
  Montanhas íngremes  
  n/a  


Última edição por Necis em Sáb Out 13, 2018 5:31 pm, editado 2 vez(es)
Sanguinia
Sanguinia
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Mount Targon Empty Re: Mount Targon

Sáb Out 06, 2018 3:15 pm


Champions presentes: Diana, Leona




- INÍCIO DO DIA - 


Diana
Localização: Vila Rakkor

Assim que atravessou o portal, a temperatura ambiente do sitio para onde tinha sido transportada veio gelar-lhe os ossos. Em complemento, o vento que soprava de uma maneira violenta em várias direcções, repuxou o seu capuz para trás e deixou-lhe a face ao descoberto, pronta para abraçar a neve que caia dos céus.
Os seus primeiros passos em direcção a uma vida que não acreditava existir, foram através de uma viela estreita coberta de neve e em direcção a uma praça movimentada. So quando chegou àquele local, no entanto, é que se apercebeu de onde realmente estava.
Aquele portal tinha-a conduzido directamente a uma das vilas Rakkor do Monte Targon. Qual, não sabia exactamente dizer, mas considerando que a maioria estava à sua procura devido aos crimes que tinha cometido não podia ser bom sinal. O mais correcto seria sair dali o quanto antes.
Com o coração a palpitar mais fortemente do que o normal, Diana voltou a cobrir os seus cabelos com o capuz e esgueirou-se pela praça em direcção à saída daquele local. Com o nervosismo em flor, acabou por ir embater numa das pessoas do Targon e cair de rabo no chão.
- Desculpa, não te vi aí. Estás bem? - Um homem alto, musculado e de bochechas completamente rosadas agarrou-lhe no braço e ajudou-a a levantar-se. - Estás a sangrar. Deixa-me ver isso... - Sem a sua permissão, empurrou o capuz para trás com o intuito de analisar melhor o ferimento, mas assim que pôde vislumbrar o rosto da jovem empalideceu. A mão que envolvia o braço de Diana não se voltou a abrir.
A Lunari tinha sido descoberta.
- Larga-me... - Pediu ao mesmo tempo que se sacudia na tentativa de se livrar do homem que a agarrava. - LARGA-ME! - Com o punho fechado tentou socar o homem, que com a sua mão livre o amparou. Que ideia tinha sido a sua? Ela estava em Targon. Os homens eram lutadores natos. - EU DISSE PARA ME LARGARES! - Desta vez apontou para as partes baixas e pontapeou os tomates do homem que, afectado pelo golpe, perdeu todas as forças que tinha usado para a prender.
- HERÉTICA!
Tinha que fugir. Sem pensar muito no assunto, Diana limitou-se a correr em direcção à saída da aldeia.

Leona
Localização: Vila Rakkor

Mal passei o portal, este fechou-se atrás de mim. Pensava que possivelmente Lucian viria comigo, mas afinal decidiu escolher outro destino. A diferença de temperatura era enorme, mas nada que não estivesse habituada. Ao contrário dos meus colegas, eu deixara tudo na academia, exeto a minha armadura, espada e escudo. Isso seria suficiente para caçar Diana e por um final a esta história toda.
Questionei-me se Diana já estaria pelo Mount Targon ou ainda estava presa no purgatório da academia. Será que ela teve o mesmo destino que eu caso já tenha passado o portal? Imensas questões formavam-se na minha cabeça, mas aquele local não o local indicado para pensar nas respostas, pois reparei que estava numa vila Rakkor e a minha armadura dava um bocado nas vistas por ser Solari.
Decidi sair dali para começar, se não houvesse sinais de Diana por enquanto, iria regressar ao templo Solari e pensar no próximo passo lá. Caminhei então pela praça fora em direção à saída mais próxima, quando ouço alguém gritar "HERÉTICA!". Virei de imediato a minha cabeça nessa direção e o meu coração começou a bater a mil á hora. Ela estava perto. Muito perto. Corri o mais depressa que podia em direção ao grito e vi um homem ajoelhado com as mãos a taparem as suas partes baixas. Ele murmurava com grande esforço:
- Alguém... Atrás dela... A herética... Aqui...
E levantou uma das mãos apontando na direcção contrária da praça. O seu grito atraiu várias pessoas e algumas delas deitavam-me uns olhares duvidosos. Antes que pensassem que tivesse feito alguma coisa, corri dali para fora, em direcção a onde o homem tinha apontado.

Diana
Localização: Vila Rakkor

Por onde quer que fosse havia pessoas a olharem na sua direcção. Algumas dessas iniciaram inclusive marcha de armas empunhadas e expressões perigosas em direcção aos seus cavalos com o intuito de a capturar. A sua situação era cada vez mais precário e se fosse cercada seria o seu fim.
Numa última tentativa de despistar pelo menos as pessoas que vinham atrás de si montadas nos seus cavalos, enveredou-se por um caminho estreito derrubando uma senhora de idade que chegava agora a casa depois de um dia extenuante.
- Ai, ai.... - Queixou-se a mulher que tinha sido empurrada violentamente contra a parede e batido com a cabeça. - Ai... A minha cabeça. Ai...
Diana não conseguiu evitar abrandar a sua passada para olhar uma última vez para a mulher caída no chão. Embora lhe custasse abandoná-la daquela maneira, sabia muito bem que se parasse ali seria morte certa. Desta forma, virou-lhe as costas e retomou a sua corrida em direcção a um estreito cruzamento. Sem ninguém à vista olhou em todas as direcções à procura de uma fuga possível. Um dos caminhos ia directo para a boca do lobo, enquanto que os outros lhe pareciam labirintos promissores - até para si. Uns caixotes empilhados deram-lhe uma nova ideia.
As ruas eram demasiado estreitas e os telhados das casas quase que se tocavam, não deixando passar grande parte da neve para aquele local. Esse facto permitiria-lhe simular uma fuga na direcção oposta àquela que tomaria. Com o pouco tempo que tinha, rasgou parte da sua manta e prendeu esse mesmo pedaço a um dos pregos mais salientes do caixote que estava mais junto ao chão. Depois, com a mesma rapidez subiu os caixotes, agarrou-se à extremidade de um dos telhados e puxou-se para cima.
Uma vez no topo, cobriu a sua boca na tentativa fútil de controlar a sua respiração e agachou-se o máximo que pôde para não ser vista.

As vozes de alguns dos soldados fizeram-se ressoar pelas ruelas, no entanto, com a mesma rapidez com que tinham chegado, também se foram embora.

Leona
Localização: Vila Rakkor

Soaram os alarmes na vila, não era a única à procura de Diana. O que podia causar problemas era a minha presença lá. Sabia perfeitamente que se os Rakkor apanhassem Diana iriam leva-la aos Solari, mas possivelmente não iriam gostar da minha presença por ali principalmente se me reconhcessem. De qualquer das maneiras a minha prioridade era encontrar Diana, primeiro que eles principalmente.
Enquanto percorria as ruas da vila, vi uma senhora de idade sentada no chão com a mão ma cabeça e a queixar-se. Ela sangrava da cabeça, teria sido obra de Diana? Os soldados Rakkor ainda não tinham ali chegado, por isso decidi ajudar a pobre mulher e fazer-lhe algumas perguntas.
- Está bem? Sabe quem lhe fez isto? Uma mulher de cabelos brancos? A herética? Sabe quem é? - disparei ao mesmo tempo que a ajudava a levantar.
- A herética? Ela está aqui? - murmurou a senhora. Ela encostou-se à parede e olhou para a mão ensanguentada - Não sei quem era, filha, mas alguém empurrou-me... Uma Solari? - exclamou quando viu a minha armadura
- Sim mas isso não importa. Fica bem? Tenho que ir à procura dela... - e saí dali, não ia perder mais tempo com ela quando claramente ela não tinha visto quem a empurrou.
Corri mais algumas ruas e vários olhares caiam sobre mim, estava a dar demasiado nas vistas. Ouvi uns soldados algures a gritar:
- PERDEMO-LA!
Eles eram tantos e perderam-la? Mas eu não iria desistir, ela tinha que estar por ali algures. Fugi para um beco escondido de modo a não dar nas vistas e comecei a pensar no próximo passo a dar.


- FIM DA TARDE, PÔR-DO-SOL, FRIO -

Diana
Localização: Vila Rakkor

De cima do telhado, pouco ou nada conseguia ver sem se arriscar a ser descoberta, portanto, o único sentido a que podia recorrer naquela situação era mesmo à sua audição. Imóvel, continuava a ouvir os gritos dos homens e mulheres que davam ordens para que todas as casas e cantos fossem revistados, ao mesmo tempo que, um pouco mais perto, conseguia ainda ouvia as lamentações da mulher com que se tinha chocado. Fechou os olhos numa tentativa de se abstrair e pensar numa solução para escapar daquele inferno.
A sua melhor hipótese era encontrar algum cavalo perdido ou então, com alguma sorte uma cabra montante ((montante mesmo)) e fugir para as montanhas. No entanto não seria uma tarefa fácil, dado que era extremamente perigoso enveredar-se pelas montanhas à noite. Mas ou era isso, ou era morrer.
Quando estava prestes a agir, ouviu uma voz que lhe era familiar. Leona? Não. Devia de estar a ouvir coisas. A sua mente não estava completamente sã naquele momento. Ainda assim, parecia-lhe tão real. De qualquer das maneiras não podia ficar ali para sempre.
Agachou-se o melhor que pôde, de forma a distribuir o seu peso pela estrutura do telhado, e movimentou-se até ao próximo, para onde saltou. Repetiu o mesmo processo umas quatro vezes até achar que seria demasiado arriscado continuar.
Antes de descer ainda tentou perceber o que a esperava: àquela rua uniam-se ruelas ainda mais estreitas, muito possivelmente becos, que davam acesso à casa dos habitantes da vila. Ora bem, se ali se encontravam as casas dos habitantes da vila, muito possivelmente também se encontrariam cavalos.
Com cautela, desceu do telhado e caminhou até a um dos becos com o intuito de procurar algo que a pudesse ajudar. Sem qualquer sucesso voltou a retirar-se para a rua principal e a dirigir-se para uma nova ruela. Antes de lá chegar, no entanto, ouviu um barulho anormal que a a fez estacar no lugar.
- Quem está aí? - Perguntou, no seu tom autoritário.



- HORA DE JANTAR -

Holq
Localização: Vila Rakkor

A sua vida sem rumo leva Holq a maior parte das vezes a terminar o dia num beco qualquer da vila Rakkor. Todos os dias era a mesma coisa: levantava-se, ia para a taverna, embriagava-se, deambulava até cair num canto qualquer, acordava a meio da noite com frio e voltava para casa. A sua idade já não o permitia lutar, e tinha perdido a sua mulher há dois anos, o que fez entrar naquela vida deprimente.
Encontrava-se naquele momento num beco estendido no chão com uma garrafa quase fazia na mão direita. O seu ronco ouvia-se até ao caminho principal. Ele acordou sobressaltado quando ouviu uma voz a perguntar por alguém. Sentou-se no chão, a arfar e começou a tossir.
- Cof, cof. Quem está aqui? Cof, cof. - falou com a sua voz rouca - Sou eu! Sou eu! Eh! - e tentou-se levantar, mas mal se levantou desequilibrou-se e caiu em cima de umas caixas que estavam a seu lado fazendo um enorme estrondo - Ajuda. Ah... As minhas costas. Cof. Cof. Ahhh...

Diana
Localização: Vila Rakkor

Assim que obteve uma resposta, Diana voltou ajeitar o capuz para que este lhe cobrisse a testa e puxou pela adaga que até agora mantivera presa ao botim esquerdo. Costumava usá-la ou para esfolar coelhos e outros animais de porte pequeno, ou então para defender-se durante as noites ao relento no Targon, mas nunca para matar alguém. Havia sempre uma primeira vez para tudo, no entanto.
Ao aproximar-se do beco em questão, ouviu um estrondo tal que sentiu o seu coração saltar uma batida. O autor de tal barulheira tinha caído e levado consigo um par de caixotes e agora estava-se a queixar das suas costas - algo que se não fosse tratado brevemente poderia atrair atenções indesejadas.
- Shh. - Os primeiros passos que deu na sua direcção fizeram-na retrair-se no lugar, devido ao odor que o homem emanava. Tresandava a álcool.

Holq
Localização: Vila Rakkor

Holq parecia uma tartaruga de patas para o ar. Esticava os braços para o nada, à espera que alguém o segurasse e puxasse para cima. Sentiu uma presença de alguém, possivelmente de quem perguntou quem ali estava, e ouviu a dizer "Shhh".
- Shh? Ajude-me masé! Eu não consigo sair daqui, ah não consigo não. Ai que ainda parti uma costela. E para onde foi a garrafa? Partiu-se? Ajude-me em vez de ficar a olhar para mim!

Diana
Localização: Vila Rakkor

Mesmo depois de se afirmar que se tinha magoado à séria, o homem parecia estar mais preocupado com a sua garrafa do que com o seu bem estar. Um comportamento típico dos bêbados que lhe custava a tolerar.
Antes de fazer o que fosse, analisou o local para se assegurar que não estava a ser observada, prendeu a adaga à sua cintura e avançou mais alguns passos em direcção ao homem. A escassos centímetros, lembrou-se de como ele lhe poderia ser útil na sua situação.
Poderia usá-lo para contornar as sentinelas que tinham sido incutidas de investigar a zona residencial e aproximar-se do local onde sabia estarem os cavalos - o estábulo -, local esse que lhe dava acesso directo à saída da aldeia. A única coisa que tinha que fazer era recorrer às suas terríveis habilidades teatrais para encenar a típica cena dos dois amigos bêbados. Sacudiu a cabeça negativamente. Não iria dar resultado.

Ainda assim, agarrou o homem pelo braço e tentou puxá-lo para cima com as forças que tinha.

Leona
Localização: Vila Rakkor

Os soldados tinham-se silenciado. Ainda se ouviam os seus cavalos de um lado para o outro, mas eles definitivamente tinham perdido Diana e tinham-se acalmado. Eu ainda estava num dos becos da Vila Rakkor dando pequenos passos de um lado para o outro pensando no que fazer a seguir.
Diana muito possivelmente encontrava-se também escondida, e encontra-la no meio da vila era como encontrar uma agulha num palheiro. Tinha que pensar como ela. Quais os seus planos? Possivelmente sair dali o mais depressa possível. E como? A pé era muito pouco provável, seria apanhada num instante, talvez ela decidisse procurar um cavalo. Muito possível. O problema é que haviam vários estábulos em Rakkor incluindo os das pequenas famílias. Por onde começar? Pelos mais perto daquele local. Se os soldados a tinham visto por ali perto, era possível que ela procurasse pelos estábulos mais perto de si.
Decidi abandonar o meu esconderijo depois de ter delineado o meu plano. Arrependo-me agora de não ter feito a mala e pelo menos ter trazido uma muda de roupa de modo a passar mais despercebida. Sabia que os olhares e comentários iam cair todos sobre mim por ter armadura e armas Solari, mas era um risco que tinha que correr se queria encontrar Diana.

Holq
Localização: Vila Rakkor

Ele sentiu-se ser puxado finalmente. Quem quer que estivesse ali finalmente o tinha acudido puxando-o para si. Holq ergueu-se e segurou-se à pessoa se modo a não cair outra vez. Depois largou-a e estendeu os braços a seu lado de modo a ganhar equilíbrio e verficar que estava bem.
- Ah... Ah! Acho que estou bem! - comentou enquanto mexia as costas - Acho que as costelas estão bem afinal, eh! Muito obrigado... - finalmente olhou para a presença à sua frente. Era uma mulher sem dúvida, que tinha um capuz na cabeça, mas havia algo que lhe sobressaia da testa. Ele parecia ter visto aquilo em algum lado, mas não sabia de onde, ou seria simplesmente da bebedeira que o fazia ver coisas? - Tens aqui uma coisa, ó, ó, deixa-me limpar! - e ergueu a sua mão para a sua testa de modo a tocar naquela coisa, ou sujidade estranha.

Diana
Localização: Vila Rakkor

Não oferecendo qualquer tipo de resistência o homem deixou-se ser puxado e pôs-se de pé. Apesar do odor pouco agradável que dele emanava, as suas palavras e observações fizeram Diana pensar duas vezes quanto ao seu estado. Talvez não estivesse tão bêbado como aparentava estar.
Quando o viu a levantar a mão na sua direcção, a Lunari desviou instintivamente o seu rosto e enxutou-o com o seu braço esquerdo.
- Se realmente quiseres ajudar, começa-te a despir.

Holq
Localização: Vila Rakkor

Ele foi imediatamente enxutado quando tentou tocar na testa da mulher.
- Ehhh... Só te queria limpar a testa! Está suja. - disse o homem bêbado em resposta.
O que a mulher pediu de seguida deixou Holq todo contente.
- Despir? Eh lá! Tu também despes? Temos festa hoje! Uh uh!!! - disse ao mesmo tempo que esfregava as mãos, puxando de seguida as calças e as cuecas logo para baixo mostrando o seu pénis pequeno e encolhido devido ao frio.

Diana
Localização: Vila Rakkor

- Não... está... suja. - Retorquiu com rispidez, arrependendo-se logo de seguida. Quanto mais se passasse de despercebida, melhor.
O sorriso de orelha a orelha do homem fê-la arquear uma sobrancelha. Suspirou. Uma interpretação simples, para um homem simples.
Sem reagir às suas questões, Diana viu-o despir as calças e consequentemente não conseguiu evitar de olhar de relance para o seu material. Quando voltou encará-lo, abordou-o com uma nova ordem.
- A parte de cima também.

Holq
Localização: Vila Rakkor

A estranha mulher queria que ele se despisse todo! Uhh, grande festa que aí vinha, e Holq estava bastante feliz por aquela oportunidade. Apesar do frio que estava, ele tirou sem pensar duas vezes a parte de cima ficando de tronco nu, mas ainda tinha as botas, calças e roupa interior presas nas pernas.
- Agora é a tua vez, vá, vá borrachoooooo!

A primeira e única vez que se tinha envolvido com um homem tinha corrido mal. Não tencionava fazê-lo agora.

Diana
Localização: Vila Rakkor

O homem não perdeu tempo algum. Da mesma maneira que puxara as calças para baixo, despiu também a sua camisa e ficou em tronco nu. Aquilo estava a ser demasiado fácil. No entanto, pesava-lhe na consciência aproveitar-se de uma pessoa debilitada.
Seguindo a sua deixa - embora que com outras intenções - Diana puxou o seu capuz para trás, desapertou os dois botões que mantinham o seu manto no sitio e descruzou-o relevando tudo o que tinha para revelar - a herética.
Sem esperar por uma reacção do homem, saltou-lhe para cima e derrubou-o contra o chão frio, numa luta inconsistente - com o seu braço direito tentava cortar-lhe a respiração, para que ele perdesse os seus sentidos sem muito possivelmente, o matar.

Elizabeth
Localização: Vila Rakkor

De uma das janelas de um casebre, Elizabeth examinava a estranha parada nas ruas. A sua armadura dourada e a insígnia no seu escudo não deixavam manobra para dúvidas - era uma Solari. A única questão que se punha era porque estaria ali, afinal era raríssimo vê-los pelas aldeias Rakkor sem ser por grupos. Teria acontecido algo?
Por ser uma seguidora das doutrinas Solari e confiar plenamente no serviço que prestavam aos Rakkor, Elizabeth decidiu abordar a jovem:
- Caham! - Tossiu propositadamente para a chamar a atenção. - Está tudo bem? A senhorita precisa de alguma coisa?...

Holq
Localização: Vila Rakkor

Sim! Ela ia-se despir também. Ah grande festa que ia ser! Porém, Holq abanou a cabeça, uma e duas vezes para ver se a sua visão voltava ao normal. Ele reconheceu finalmente o símbolo da testa agora que ela lhe mostrava o que tinha por baixo do manto: a armadura da herética!
- A HER... - começou por tentar gritar, mas a mulher saltou-lhe para cima caindo os dois no chão.
O seu braço sufocava-o, e apesar de ele já ter sido um homem forte e lutador, a quantidade de álcool que tinha ingerido não lhe permitia lutar contra aquela simples mulher.
Ele esbracejou, mas foi enfraquecendo cada vez mais, sentia o ar a faltar-lhe e não tardaria ia morrer. O velho Holq ia morrer e ninguém ia dar por falta dele, isso é o que lhe custava mais. Mas tudo tem um fim, e o seu estava perto. Com esse pensamento triste, o velho Holq perdeu os sentidos.

Leona
Localização: Vila Rakkor

Mal saí do beco, ouvir alguém a tossir atrás de mim como que a chamar-me à atenção. Virei-me e deparei-me com uma mulher que me perguntou se precisava de alguma coisa. Virei-me e encarei-a. Não a conhecia de lado nenhum, e não tencionava contar-lhe o quer que fosse. Já haviam demasiados soldados Rakkor à procura de Diana, e eu queria ser a única a encontra-la e trazer justiça. Por isso seria melhor não revelar os meus planos, no entanto, podia perguntar-lhe qual seria o estábulo mais próximo ou se existeria alguma família pequena que tivesse cavalos. Nunca saberia se Diana iria preferir assaltar uma pequena família com um ou dois cavalos ou se arriscaria ao ponto de ir aos maiores estábulos da vila.
No entanto, eu ainda me lembrava onde se situavam alguns destes, mas a vila mudou tanto desde da minha juventude que eles poderiam já não se situar no mesmo local.
- Está tudo bem, no entanto preciso de um cavalo. Sabe me dizer onde posso arranjar um? - perguntei à desconhecida.

Elizabeth
Localização: Vila Rakkor

A jovem guerreira - assumiu que o fosse, dado as suas vestes - respondeu-lhe que estava tudo bem e perguntou-lhe onde poderia arranjar um cavalo.
O estábulo mais próximo ficava a dez minutos da sua casa e por norma os cavalos por lá tinham um custo elevado, mas sendo a pessoa com quem falava uma Solari, certamente que teria o valor adequado para dar por um.
- O estábulo mais próximo - Apontou para o fim da rua. - pertence a um homem chamado Skith. Ele cria os melhores cavalos do Targon, mas também não os cobre por uma pechincha. Depois, tens ainda o estábulo do senhor Samuel. São mais baratos, mas... - Esperava que a Solari entendesse o que queria dizer com a sua pausa. - Se preferir sempre posso levá-la até lá. Já é tarde e os estábulos podem já estar fechados. Se bem que eles devem atender uma Solari.

Diana
Localização: Vila Rakkor

O homem bêbado tentou fazer de tudo ao seu alcance para se livrar da Lunari, mas em vão. A sua idade e o seu estado pouco ou nada o permitiram fazer e ele acabou mesmo por desfalecer.
Apercebendo-se que ele já não se mexia, a jovem afastou-se ligeiramente para verificar se ainda tinha pulso. Estava vivo.
Embora se sentisse um pouco mais aliviada, sabia que agora, mais que nunca, que se tinha de apressar.
Com um pequeno impulso começou por sair de cima dele. Depois, arrancou-lhe as botas dos pés e posteriormente tirou-lhe as calças.

Quando finalmente saiu do beco, Diana vinha com as roupas do pobre bêbado vestidas e uma sacola improvisada contendo a sua armadura às costas. O capuz, tinha-lo puxado para a frente de modo a cobrir por completo o seu cabelo e a testa. Agora, era só esperar que o forte cheiro a álcool dissuadisse quem se quisesse aproximar de si.
- ELA ESTÁ AQUI, A HERÉTICA ESTÁ AQUI! - Gritou o mais alto que pode.
Atraíndo os guerreiros Rakkor para aquela zona, esperava que o sitio para onde se dirigia ficasse menos bem guardado, para assim conseguir chegar ao seu objectivo.

A meio do caminho, o primeiro grupo de soldados passou por ela e nem sequer se moveu na sua direcção. O segundo, composto por dois homens ainda a questionaram com um par de perguntas, mas aos olhos deles, encontrava-se demasiado bêbada para lhes responder.

Leona
Localização: Vila Rakkor

A senhora desconhecida deu-me as indicações amigavelmente. Disse quais seriam os dois estábulos mais perto e quanto custavam. De qualquer das maneiras o preço não me importava, uma vez que Diana muito provavelmente não teria dinheiro e iria roubar, não comprar. Será que ela teria a coragem de ir ao estábulo de Skith? Se eram os melhores cavalos, possivelmente também estariam mais protegidos, enquanto os de Samuel talvez fossem mais fácil de roubar. Infelizmente não conhecia aquela vila, não tinha sido ali onde nasci e cresci, e eu poderia muito bem perder-me não encontrando os estábulos. Preferia fazer as coisas sozinha, mas uma guia até poderia vir a dar jeito.
- Venha comigo então. Mostre-me o estábulo do senhor Samuel primeiro, se faz favor. - pedi-lhe.

Elizabeth
Localização: Vila Rakkor

Para a sua alegria a Solari pediu-lhe que a acompanhasse até aos estábulos. Teria a oportunidade que desejara durante anos para provar o seu valor diante dos adoradores do Sol e, quem sabe, eles a recrutassem para ir viver no seu reino - um local que era reconhecido por ser muito mais próspero que as restantes vilas Rakkor.
"Que pensamento tosco... Isso não vai acontecer." Riu-se do seu próprio pensamento.
- Vou descer então.
Elizabeth saiu da janela e quase que voou até ao andar inferior, onde encontrou a outra jovem.
- Vamos então? - Perguntou-lhe dando os primeiros passos em direcção ao estábulo do senhor Samuel. - É raro ver uma Solari sozinha por aqui, principalmente a estas horas. O que te traz à nossa vila?

Leona
Localização: Vila Rakkor

A senhora saiu da sua casa para que me pudesse acompanhar e segui-a a seu lado com alguma impaciência. Depois de termos dado alguns passos, ela perguntou-me o que me trazia ali à vila.
- Peço desculpa, mas não posso revelar o que me trouxe aqui. Aprecio a sua ajuda, no entando. - respondi.
Conforme caminhavamos, começamos a ouvir alguma algazarra. Os soldados Rakkor andavam de um lado para o outro em algumas ruas, gritando e dando ordens. Apressei o passo, sem sequer reparar se a mulher me seguia. Abrandei, quando vi um aglomerado de soldados à estrada de uma pequena rua, eles já se encontravam mais calmos e ouvi-os dizer:
- Caraças, não é a herética! É só um bêbado a dormir!
- Falso alarme pessoal! Falso alarme!
- Continuem à procura, não pode estar longe!
Manobra de diversão, pensei eu de imediato. Olhei para ambos os lados e depois para trás à procura da mulher que me oferecera a sua ajuda. Apontei na direção oposta de onde estavam os soldados e perguntei:
- Há algum estábulo nesta direcção?

Elizabeth
Localização: Vila Rakkor

Elizabeth estava à espera de uma resposta bem mais elaborada do que aquela que a Solari lhe dera, mas aceitou-a na mesma. Embora estivesse curiosa, não gostava de se meter na vida das outras pessoas.
- Não faz mal, eu compreendo.
À medida que avançavam pelas ruas da vila, começaram a ouvir algumas vozes um pouco mais exaltadas.
- O que se passará ali à frente?... - Perguntou-se hesitante. A jovem que a acompanhava, no entanto, não se deixou intimidar e avançou na direcção do desacato. - A herética? - A sua expressão alterou-se. Então era por isso que aquela Solari estava ali. Esta, dirigiu-se depois a si perguntando se havia algum estábulo na direcção em que apontara. - Não... Quer dizer, existe um local, perto de uma estalagem onde os viajantes deixam as suas montadas. Mas essas não estão à venda. - Pausou. - Estás por acaso à procura da herética? Eu ouvi dizer que ela tentou enganar o povo do Sol com falsos ensinamentos e que quando não foi bem sucedida os matou. É verdade?... Se assim for temo que só a escolhida do Sol a consiga travar.

Diana
Localização: Vila Rakkor

Assim que deixou a área para onde tinha atraído os guerreiros Rakkor, Diana guiou-se por uma estreita ruela até chegar a um largo iluminado por tochas.
Nesse mesmo largo estavam reunidas algumas pessoas mais resistentes ao frio que conversavam e bebiam alegremente, ignorantes face ao que estava a acontecer na vila.
Mais adiante e ao lado de uma estalagem encontravam-se alguns cavalos amarrados a uma cerca. A única coisa que a impedia de se aproximar de um neste momento, era o olhar atento de dois guerreiros que se tinham prostrado exactamente à frente da porta da estalagem. Felizmente para si, haviam três moças bastante interessadas neles que se aproximaram para meter conversa.
Era agora ou nunca.
Diana foi-se aproximando dos cavalos, pé ante pé, até que...

- OUÇAM TODOS! A HERÉTICA INFILTROU-SE NA VILA! - Alertou uma voz feminina. A mulher que tinha despertado a atenção dos presentes encaminhou-se para a estalagem. - Desconfiamos que ela esteja escondida algures na casa de alguém, por isso, é requerido que vejam se ela está na estalagem. Investiguem caixotes, camas, os sítios mais improváveis. Os Solari deixaram-na escapar, mas nós não cometeremos esse mesmo erro!
Os dois homens e duas das mulheres que estavam à porta da estalagem moveram-se para o seu interior, enquanto que a última jovem ficou a falar com a recém-chegada.
- Estive aqui durante grande parte da noite e não vi ninguém com a descrição da herética entrar. De certeza que não é engano? Talvez a tenham confundido com um velho de cabelos longos. - Disse em tom torcista. - Vão acabar por arruinar o negócio aos donos da estalagem e a noite a quem se quer divertir.
- Duvido imenso que estejas preocupada com a estalagem. Mas não duvido que não tenhas visto nada. Afinal, os teus olhos estão demasiado atentos às pilas dos homens com que queres foder para veres alguma coisa à tua frente.
A outra mulher pareceu ficar ofendida mas nada disse. Limitou-se a virar-lhe as costas e a entrar também na estalagem.

Leona
Localização: Vila Rakkor

Depois daquele aparato foi lógico que a mulher que me acompanhava começou a perceber o que se passava, desatando logo a fazer inúmeras perguntas.
- Não há tempo para responder a tanta coisa! - disse com alguma brusquidão - Mostre-me o caminho para a estalagem rápido! - não podia perder tempo e não queria que os soldados Rakkor me vissem.

Elizabeth
Localização: Vila Rakkor

A Solari continuava a negar-se a responder às suas perguntas. Não a podia julgar por o fazer, mas assim tornava-se muito mais difícil poder ajudá-la.
Por uns segundos olhou-a apreensiva, mas depois começou a caminhar na direcção da estalagem.
- Siga-me.

Leona
Localização: Vila Rakkor

Temia que ela não me mostrasse o caminho devido a tudo o que lhe estava a esconder, mas felizmente isso não aconteceu. Depois de ela inciar a marcha a passo apressado, segui-a atrás vendo se ninguém reparava em mim. Apesar de vários soldados passarem por nós e alguns me deitarem um olhar curioso, nenhum fez qualquer tipo de questões.
- Sim, a herética anda à solta e está nesta vila. - acabei por dizer enquanto caminhavamos. Já que ela já estava metida nesta confusão, merecia pelo menos algumas respostas - Sim, ela matou Solaris inocentes devido a um suposto poder inexistente que vem da Lua. E eu estou atrás dela porque... - fiz uma pausa enquanto chegavamos a um grande largo iluminado com uma grande construção que deduzi ser a estalagem. Reparei de imediato ao lado do edifício vários cavalos amarrados a uma cerca. Comecei a abrandar o passo até parar por completo de modo a observar melhor o local - ...sou a escolhida do Sol. - conclui quando finalmente parei.
Observei todas as pessoas que ali existiam. Várias pessoas encontravam-se na rua a beber e a conversar alegremente, parecia que nem se tinham apercebido que a herética andava pelas ruas da sua vila. Havia num entanto uma figura de costas para mim que caminhava em direção aos cavalos. Parecia ter a estrutura de Diana e trazia um saco às costas. Só podia ser ela. Queria apanha-la, mas sobretudo não queria dar nas vistas nem queria que os soldados soubessem que ela ali se encontrava. Felizmente nenhum ali estava, o que era um ponto a meu favor.
Tinha que ter imenso cuidado agora. Ela estava mais perto dos cavalos do que eu e algum movimento em falso podia assusta-la e ela correria para os cavalos e fugia, ou entrava noutro beco e podia perde-la novamente ou chamar a atenção dos soldados Rakkor. Uma opção era contornar o edifício pelo outro lado e surpreende-la de frente, mas isso ia fazer com que perdesse demasiado tempo. Optei pelo mais simples e mais arriscado: avançar atrás dela e mal ela pegasse no cavalo correria na sua direção investindo de imediato, pois como os cavalos estavam na lateral do edifício, talvez ninguém que estivesse à sua frente nos visse assim que a atacasse.
Fiz sinal à mulher que ficasse ali e não fizesse barulho, preparei a minha espada e escudo e caminhei devagar na sua direcção, rezando que o barulho da minha armadura não se sobressaísse às das vozes das pessoas que ali se encontravam, para não chamar a atenção à pessoa que eu julgava ser Diana.

Elizabeth
Localização: Vila Rakkor

Elizabeth esboçou um sorriso fraco quando a rapariga ruiva lhe contou a verdade por detrás das suas acções. Pela forma como as coisas se estavam a desenrolar tinha conseguido criar uma ideia semelhante na sua cabeça, mas jamais pensara que pudesse estar tão certa. As últimas palavras da Solari, no entanto, apanharam-na completamente desprevenida. Tal foi o espanto que ela teve que cobrir a boca aberta com ambas as mãos para se recompor.
- Tu és...
Da escolhida do Sol Elizabeth só tinha ouvido rumores. Sabia que ela tinha, uma vez, estado entre os Rakkor, que ela tinha sido tocada pela Sua luz e ganho um poder incomensurável - um poder que nos textos antigos traria a salvação - e que tinha sido acolhida pelos Solari. Mas não mais do que isso.
- Por favor, tenha cuidado. - Pediu ainda antes que a escolhida que se afastasse.

Diana
Localização: Vila Rakkor

Os ânimos exaltaram-se quando uma mulher vinda da confusão que Diana deixara para trás, anunciou no meio da praça que tinham uma foragida na aldeia. Com todos atentos ao perigo, seria mais complicado sair impune daquele sitio.
Ainda assim, ela decidiu apostar tudo naquele cavalo e avançou na sua direcção.
Sentia os nervos à flor da pele: as mãos tremiam-lhe e o seu coração palpitava a mil à hora, tendo inclusive sido obrigada a cessar a sua respiração para controlar a maneira como arfava. Quando chegou ao seu destino pousou uma mão no dorso do belíssimo cavalo malhado que, pressentindo o seu nervosismo, bufou e recuou alguns passos.
- Shhh, está tudo bem... - Disse ao mesmo tempo que afagava o animal.
Quando o cavalo pareceu acalmar-se, Diana tomou a oportunidade para empilhar o saco no seu dorso e preparou-se para o montar.

Pam
Localização: Vila Rakkor

Pam soltou um suspiro sonoro quando a outra mulher desapareceu no interior da estalagem. Era só o que lhe faltava, uma mulher que se tinha rendido a uma vida boémia depois do seu ritual Rakkor a denegrir as capacidades dos seus guerreiros.
Pondo esse assunto de lado, ela voltou-se a focar na tarefa em questão: procurar e capturar a herética - viva ou morta. A recompensa era alta e uma maneira de garantir comida no prato da sua família por pelo menos uns meses.
Ajeitando o arco que tinha preso às suas costas - uma arma pouco comum para um Rakkor - perscrutou toda a praça à procura de pistas: um grupo de jovens junto a uma cerca conversava sobre o ritual Rakkor que se aproximava, uma mulher furiosissima discutia com o seu marido que tinha vindo visitar a sua amante e um ou dois bêbados deambulavam pelo local. O que a deixou apreensiva, no entanto, foi uma jovem de armadura dourada completa. No mesmo instante, se fez de desapercebida e olhou novamente para o interior da estalagem. Armaduras banhadas a ouro não eram tão comuns assim e as que sabia existirem pertenciam aos guerreiros dos Solari. Por outro lado ninguém lhe tinha avisado que esses ingratos estavam de passagem.

Leona
Localização: Vila Rakkor

Devagar ia caminhando atrás de Diana, pelo menos eu assim pensava que era ela. Pelo caminho prendi a minha espada à cintura e foquei-me só no meu escudo, já que pretendia parar aquela pessoa com ele. Diana chegou finalmente ao pé dos cavalos e começou a afagar um deles preparando-se para montar. Até agora ela ainda não tinha notado a minha presença e ainda se encontrava de costas para mim. Mudando rapidamente de planos, acelerei o passo até a alcançar, já não ia investir com o escudo.
Andei cada vez mais rápido e sem lhe dar tempo de reagir, quer ao barulho que a minha armadura fazia ou a outra coisa qualquer, agarrei-a pelo manto com a mão livre obrigando-a virar-se para mim. Finalmente ali estava ela, Diana, a herética, fora das regras da academia. Tinha-a apanhado finalmente.
- Onde pensas que vais? - sussurrei com uma clara raiva no olhar.

Diana
Localização: Vila Rakkor

Quando já estava a fazer força sobre o dorso do cavalo para soerguer o seu próprio corpo ouviu os passos de outrém a virem na sua direcção. Era algo com que já contava, mas mesmo assim não conseguiu ser rápida o suficiente para lhe reagir. Foi agarrada pelo manto e sacudida ao ponto de desiquilibrar-e e quase cair ao chão. Quando olhou para a pessoa em questão, o seu coração gelou, em mais que um sentido. "Onde pensas que vais?" Ouviu-a perguntar.
- Não é da tua conta! - Respondeu-lhe num tom azedo, ao mesmo tempo que cerrava os dentes e alcançava a sua adaga, até então escondida e presa à sua cintura. Forçou depois o manto a esticar-se, e com um golpe da sua adaga rasgou-o, impondo por fim um espaço desejável entre si e a sua rival. - Eles mandaram-te? Os invocadores...

Leona
Localização: Vila Rakkor

Depois de me ter dito que não era da minha conta para onde ia, ela tirou uma adaga rasgando o seu manto e colocando-o entre nós. Pus-me logo em modo defensiva com o meu escudo à frente e lentamente fui com a outra mão desembaiar a espada. O que foi mais estranho é que ela não tinha a sua espada consigo, pois se a tivesse não iria simplesmente apontar-me uma reles adaga.
- Invocadores? - disse confusa. Com que então ela pensava que tinha sido mandada pelos invocadores, como ela estava enganada - Achas mesmo que eles me tinham mandado? Eu vim para ajustar contas de uma vez por todas, não quero saber daquela academia para nada!

Diana
Localização: Vila Rakkor

O súbito aparecimento de Leona não lhe fazia sentido. Poderia ela ter sido mandada pelos invocadores para acabar o trabalho deles? Era possível. Se assim fosse, era um acto completamente cobarde da parte deles. O facto de Leona lhe ter respondido negativamente, no entanto, deixou-a novamente perdida.
De qualquer maneira, não era boa altura para se embrenhar nessas questões. Leona estava ali, à sua frente e tinha a sua espada em riste. Vendo-se em desvantagem e sem meios para uma luta equilibrada, Diana teria que recorrer a outros meios se queria fugir.
- E o que planeias fazer depois de me matar?... Voltar para os Solari? - Riu-se nervosamente enquanto a contornava pela esquerda até chegar a um montículo volumoso de neve. - Contares-lhes que concluíste a tua missão e mais tarde deixares que tudo se repita quando alguém redescobrir a verdade sobre eles?
A conversa era apenas um meio de distrair Leona e fazê-la baixar a guarda. Quando isso acontecesse (se acontecesse) ela atiraria a neve para os olhos da Solari e se esquivaria pela direita até ao cavalo. Nem que tivesse que suster um golpe da Solari, escaparia daquele lugar.

Leona
Localização: Vila Rakkor

Claro que Diana tinha que me fazer perder a paciência com os seus discursos sobre "a verdade". Pousei o escudo na neve, apesar de ainda o estar a agarrar pronta para qualquer ação, e tentei pensar rapidamente no meu passo a seguir. Primeiramente tinhamos que sair dali. Havia demasiadas pessoas na estalagem que podiam ouvir-nos. E depois todos eles iriam querer a recompensa por Diana e aquilo era um trabalho a ser realizado por mim e mais ninguém. Preferencialmente longe daquela vila Rakkor para não chamar à atenção.
- Cala-te com essa conversa da treta! - disse em tom baixo mas ríspido. Tinha receio em explodir a qualquer momento e desatar aos gritos. Desviei o meu olhar por momentos, tentando perceber se alguém nos observava - Temos que... - e algo frio atinge-me a cara.
Diana tinha acabado de me atirar neve para a cara, quando baixei a guarda, e esquivou-se em direção ao cavalo.
- Ah, nem penses! - disse e ergui o meu escudo investindo de imediato nela. Aproveitei para dar uso da minha habilidade que tinha aprendido na academia e bati com o meu escudo nas suas costas de modo a impedi-la de fugir.


Diana
Localização: Vila Rakkor

Embora estivesse habituada a ouvir outras pessoas a menosprezar as suas palavras, a maneira como Leona o fez deixou-a magoada. Ainda assim, a sua expressão pouco ou nada se alterou, tendo apenas estreitado o seu olhar.
Vendo, por fim, a sua rival baixar a guarda, decidiu agir conforme tinha planeado. Talvez, no momento em que Leona tivesse distraída com a neve, houvesse tempo suficiente para escapar. Talvez. Pensamento tosco que esse se revelou. Assim que chutou a neve para a cara da Solari e começou a correr em direcção ao cavalo sentiu um peso enorme abater-se sobre as suas costas e a atirá-la contra o chão. Abriu os olhos meio atordoada e tentou imediatamente levantar-se, para voltar a cair outra vez. Na segunda tentativa parou ao aperceber-se que havia algo de errado com o seu corpo.
Era agora. Leona ia matá-la como tinha prometido há imenso tempo. O seu coração começou a palpitar desenfreadamente e a sua respiração cessou antecipando o momento.
"Eu não quero morrer."
Nesse mesmo momento, recordou-se do que tinha acontecido na cozinha. Tinha ouvido inúmeras vezes essas mesmas palavras de diferentes pessoas, mas em qualquer altura tinha pensado em parar. Talvez porque acreditasse demasiado na sua "verdade". Porque bem lá no fundo acreditava que os invocadores conseguissem reviver as pessoas que tinha morto, inclusive o seu pai. Era injusto queixar-se e pedir que poupassem a sua vida depois do que tinha feito. Engoliu em seco.
- É agora? Vais por fim matar-me?... - Disse por entre soluços abafados pela neve que cobria a superfície em que estava deitada.

Elizabeth
Localização: Vila Rakkor

Elizabeth viu a Solari a dirigir-se à estalagem e a desaparecer, quando se enveredou pelo canal que dava acesso aos cavalos.
Apesar de tudo sentia-se nervosa. Nervosa por saber que aquela pessoa com quem tinha estado era a escolhida e por saber que ela podia estar a enfrentar a adversária que tinha morto os anciões Solari. Por um lado queria avisar os outros Rakkor e pedir-lhes que ajudassem a escolhida, mas por outro sentia que a trairia, depois de ver tanto secretismo pela parte da outra.
A imagem de uma escolhida em apuros, fê-la decidir-se quanto ao seu dilema.
- E-ela... A herética está aqui! A herética está nesta praça! - Reafirmou-se, perante os outros guerreiros.

Leona
Localização: Vila Rakkor

Consegui imobilizar Diana e tinha que ser rápida nos passos seguintes.
- Ainda não... - murmurei secamente à procura de uma solução.
De repente ouvi alguém gritar a dizer que a herética estava aqui. E eu conheci aquela voz! Tinha sido a mulher que me ajudou a encontra-la. Como é que ela pôde fazer tal coisa depois de me ter ajudado ali chegar? Não tardava estaria rodeada de soldados Rakkor e levariam Diana sem que pudesse fazer alguma coisa.
- Merda, merda, merda! - disse enquanto me baixava ao pé de Diana atirando o escudo para o chão.
Diana tinha rasgado um pedaço do se manto quando empunhou a adaga. Apartir desse rasgão, rasguei o resto do tecido até ter uma longa tira. Ouvi passos de cavalos e vozes de várias pessoas a aproximarem-se. Tinha que ser rápida! Atei as mãos de Diana atrás das costas e agarrei-a atirando-a para as minhas costas como se fosse um saco de batatas. Felizmente era ela leve e eu era forte. Aproximei-me do cavalo mais próximo e coloquei-a em cima dele de barriga para baixo sobre o fim da crina do cavalo e o ínicio da sela. Virei-me para ir buscar o meu escudo, apanhei-o, prendi-o no meu braço e aí comecei a ver já vários soldados a aproximarem-se. Nestes segundos vi a cara da mulher que me ajudara e lancei-lhe um olhar acusador. Virei-lhe costas, desprendi o cavalo do poste e montei-o num ápice iniciando logo a marcha. Incitei o cavalo a ir o mais rápido que podia e saí dali para fora pelo meio de vários edifícios. Agora só precisava de encontrar a saída da vila.

Diana
Localização: Vila Rakkor

A resposta de Leona não a deixou muito mais aliviada.
- Então... - Antes que pudesse dizer algo, viu-se interrompida por alguém que gritava. Os Rakkor sabiam que ela estava ali e mais tarde ou mais cedo viriam-na buscar. Talvez até fosse parte dos planos de Leona que assim fosse. Assim, ela não teria que sujar as suas mãos.
Para sua surpresa, no entanto, além da Solari ter ficado constrangida, começou a remexer nos seus pertences como se tivesse à procura de algo. Nessa altura, Diana rodou a cabeça à procura da adaga que tinha deixado cair depois da investida de Leona, mas esta estava demasiado longe para a alcançar. Ainda tentou, por uma última vez, fazer força sobre os seus braços para se levantar, mas assim que forçou o pé sentiu-o doer. Logo a seguir, e sem poder reclamar, viu Leona a puxar os seus braços para trás e a amarrá-los com o pedaço de tecido que tinha rasgado.
- Que merda é que... - Calou-se subitamente quando foi levantada por Leona ao mesmo tempo que arregalava os olhos, constrangida. - Põe-me no chão?!... - Negando o seu pedido, Leona dirigiu-se ao cavalo que a Lunari tinha preparado e atirou-a sobre o seu dorso, montando-o de seguida.
Pela forma como reagiu, o cavalo pareceu ficar incomodado com o peso, mas tal como Diana, não teve opinião na matéria e foi obrigado a carregar as duas em direcção à saída da vila.

Pam
Localização: Vila Rakkor

Tendo em conta o percurso que a Solari tomou, era seguro assumir que ela não pretendia ficar muito mais tempo pela vila.
- Hunf... Esta gente com mania das superioridades. - Desabafou entre dentes. Logo a seguir elevou a voz para dentro da estalagem. - Ninguém?
- Não vimos ninguém suspeito... - Ripostou um homem que veio até à entrada da estalagem para lhe passar a mensagem.
- Muito bem.
Estava prestas a pedir que se dirigissem a outro sector da vila quando alguém lhe gritou que a heréctica estava de facto na praça. Bem que desconfiava disso. Mas onde exactamente?
O som de um cavalo a galopar a alta velocidade alertou-a para um cenário peculiar. Montada na besta vinha a Solari e deitada uma mulher de cabelos brancos, que Pam identificou como sendo a herética.
Surpresa, Pam arregalou os olhos, mas não perdeu tempo a reagir. Tirou o arco das costas e colocou uma flecha a postos para ser disparada.
Não fazia ideia do que a Solari tencionava fazer com aquilo, mas considerava-o uma falta de respeito. Os Rakkor tinham interrompido os seus afazeres para capturar uma foragida e a Solari fugira com ela, sem qualquer justificação.
Cerrou os olhos e libertou a flecha que saiu disparada na direcção das duas jovens. Ao lado. Ainda assim não se rendeu à primeira tentativa. Voltou a preparar outra flecha e disparou-a esperando acertar.

Leona
Localização: Vila Rakkor

"FFFfffffffffffffffffff............"
Ouço uma seta a passar-me ao lado. Assutei-me mas não abrandei, incitei mais o cavalo para sair dali o mais depressa possível. Esta tinha passado por pouco e só desejava que conseguisse sair dali o mais depressa possível sem sermos as duas apanhadas.
Logo a seguir, sinto algo se espetar no meu ombro contrário ao braço que agarrava o escudo.
- AHH. - gritei ao mesmo tempo que tentava equilibrar-me no cavalo.
Tinha caido ligeiramente para um dos lados, tal o impacto que a seta tinha causado no meu ombro. O cavalo também tombou, mas eu fiz alguma força custosa para me erguer novamente e prosseguir com a viagem.
Tentando ignorar a seta espetada no meu ombro, incitei cada vez mais o cavalo, apesar de ser notório o seu esforço possivelmente ao peso excessivo que carregava. Saímos da vila e em vez de subir a montanha, decidi descer. Como me viram e repararam de certeza que eu era Solari, possivelmente iriam pelo caminho mais óbvio e subir a montanha para me apanhar. Mas como o cavalo não iria suportar aquela subida, iria ser mais fácil descer para ele e para despistar os Rakkor.
Não fazia ideia onde estava nem que aldeia Rakkor era aquela de onde tínhamos saído. Muito menos sabia para que direcção ficariam os Solari, mas de certeza que não era por onde estava a dirigir-me. Não sei por quanto tempo cavalgamos, mas houve uma altura que o cavalo não se aguentou mais e abrandou até parar por completo e cair para o lado exausto. Eu e Diana caímos com ele, eu totalmente desprevenida por aquele acto do cavalo, e ainda para mais cai no chão do lado do ombro magoado onde ainda a seta se encontrava espetada. Não me consegui levantar de imediato e deixei-me estar alguns segundos deitada no chão, no meio da neve, enquanto algumas lágrimas de dor escorriam pela minha cara. A única coisa que via à minha frente eram as montanhas e a luz que se formava pelo meio delas. Estava a amanhecer.

Elizabeth
Localização: Vila Rakkor

- Onde? - Ouviu um homem perguntar.
- A... - Sentindo a sua voz falhar-lhe tossiu e apontou para o lugar onde tinha visto a Solari pela última vez. - Ali!
Vendo, por fim, os guerreiros Rakkor a dirigirem-se ao local indicado, Elizabeth acabou por se aproximar também. Tinha o coração aos saltos com a possibilidade da herética ter causado problemas à escolhida do Sol e sentia que o mínimo que podia fazer por ela era mandar-lhe assistência.
O que viu, no entanto, acabou por ferir as suas susceptibilidades. A escolhida do Sol fugiu montada no cavalo com a herética. Mas porquê? Porque é que estaria a escolhida do Sol a fugir com uma pessoa que queriam morta?
Absorvida nos seus pensamentos só se apercebeu da mulher de arco e flechas quando esta disparou a primeira em direcção à escolhida.
- Pára! Ela é a escolhida! Não!... - Não tendo conseguido verbalizar o seu pedido a tempo, viu a segunda seta a sair disparada do arco da outra guerreira e a acertar em cheio na Solari. - O que fizeste?!

Pam
Localização: Vila Rakkor

A segunda flecha saiu disparada do seu arco e cortou o ar até encontrar o seu alvo. Não tinha acertado num ponto vital, mas era o suficiente para deixá-la enfraquecida, para que os seus companheiros a pudessem capturar.
- Atrás delas! - Ordenou.
As suas ordens, no entanto, não foram cumpridas. Pouco a pouco, as pessoas presentes foram reagindo ao que tinha acontecido com um burburinho que deixou Pam incomodada.
- Porque não fazem nada?! Montem nos vossos cavalos e sigam-nas!
- Pam... - Um homem aproximou-se dela pousando a mão no seu ombro. - Porque razão atacaste a Solari? Não sabes que é um crime grave punível com morte?
Sacudindo a mão do seu ombro, Pam ripostou:
- Porquê?... PERGUNTAS PORQUÊ? Ela fugiu com a herética depois de tudo o que fizemos por ela! Depois de tudo o que temos feito pelos Solari.
- PAM!... Os Solari e os Rakkor são aliados há centenas de anos. Ambas as partes têm cumprido as suas partes do acordo e vivido em paz! Eu sei que tens feito tudo o que o teu corpo e a tua alma te permitem pelos Rakkor, mas não poderás escapar impune ao que acabaste de fazer.
A mulher cerrou os dentes, contendo a sua raiva.
O homem, apercebendo-se que pouco ou nada tinha mudado na sua atitude, ordenou aos seus companheiros:
- Levem-na. Amanhã teremos um julgamento para decidir o seu destino.


Última edição por Sanguinia em Seg Out 15, 2018 9:01 pm, editado 10 vez(es)
Sanguinia
Sanguinia
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Mount Targon Empty Re: Mount Targon

Sáb Out 06, 2018 3:24 pm
- MANHÃ DE TERÇA-FEIRA -

Diana
Localização: Vila Rakkor

Com o cavalo a galopar a alta velocidade e com a comoção que se instalou na praça foi difícil perceber que alguém as tinha sobre a sua mira. Só quando Diana ouviu a Solari a gritar é que soube que algo tinha corrido terrivelmente mal. Ergueu ligeiramente a cabeça e olhou-a com uma expressão assustada quando percebeu que tinham aberto fogo contra elas - Leona tinha sido alvejada.
Mesmo que as capturassem agora, não havia maneira de lutar. Não tinha a sua kopesh, a adaga tinha-a perdido naquela maldita aldeia e para mais, tinha as mãos amarradas. Numa tentativa desesperada de se soltar, torceu as mãos de variadas maneiras, até se magoar num dos pulsos e perceber que qualquer tipo de resistência naquele momento era fútil e só a iria prejudicar.
Rendeu-se ao destino e deixou-se ser levada por uma Leona ferida.

À medida que a noite avançava, foi-se notando cada vez mais o cansaço que se abatia sobre o pobre cavalo. Mas não era só o dele. Leona também lhe parecia exausta, embora estivesse a tentar a fazer de tudo para se mostrar firme.
A certa altura, o cavalo não aguentando mais aquela jornada sem destino, estremeceu e deixou-se cair. Diana, que já estava deitada sobre o seu dorso, foi cair de rabo no chão e por uns escassos centímetros, não ficou com um pé debaixo do corpo da criatura exausta - alguma sorte depois de tanto azar.
Aproveitando-se da posição em que estava, perscrutou o espaço com o olhar, sempre à procura de uma forma de escapar daquela situação - mesmo depois de ter magoado o seu pé esquerdo e com isso ter reduzido as suas hipóteses consideravelmente - e acabou com o seu olhar sobre Leona. Uma Leona imóvel. Uma Leona fria. Por momentos passou-lhe pela cabeça a possibilidade das flechas estarem envenenadas, mas rapidamente a descartou. Os Rakkor eram um povo demasiado orgulhoso para usar veneno.
Humedeceu os lábios com a sua própria saliva e elevou a sua voz:
- Trazes-me para o meio de nenhures com a promessa de me matar, mas ao invés disso matas o cavalo e matas-te a ti de cansaço. Não reclamo, assim fico com algo para me alimentar nos próximos dias.

Leona
Localização: Algures nas montanhas

Estava imóvel e cheia de dores a fintar o nascer do Sol. Realizei as minhas preces mentalmente e pedi força para finalmente realizar a minha vingança e matar Diana. Era necessário trazer justiça, e só eu a poderia realizar. Estava a tentar ganhar forças para me levantar, mas as dores no ombro eram demasiadas e sentia que a qualquer momento podia desmaiar. Fui acordada por Diana a falar mais algumas barbaridades de modo a tentar deitar-me abaixo. As suas palavras fizeram o oposto e trouxeram-me alguma força, erguendo-me e sentando-me na neve.
- Ninguém vai morrer... A não ser tu claro está. - disse lançando-lhe um olhar frio.
Diana encontrava-se sentada ainda de braços atados atrás das costas, parecia-me que não iria conseguir fugir. Depois deitei um olhar ao cavalo deitado no chão. Ainda respirava lentamente e via fumo a sair pelas suas narinas a cada expiração claramente dolorosa. Este parecia ter aceitado o seu destino e ficar imóvel no chão até que a morte lhe chegasse. Estava a custar-me vê-lo assim, mas na realidade não havia muito que lhe pudesse fazer. Não havia água ali perto e nem trazia nenhuma comigo. Como o poderia salvar? Para mais que tinha um problema ainda maior comigo: a seta cravada no meu ombro.
Desviei então o olhar para a maldita seta cravada. Não passou de um lado ao outro graças à minha armadura, mas mesmo assim estava bem fundo. Agarrei com a minha mão boa na seta e fiz força para a tirar.
- AHH... - gritei entredentes.
A seta não se movia e as dores eram imensas. Parei porque não aguentei mais. Seria mais fácil se tirasse a ombreira da armadura, mas tal era impossível pois esta parecia estar bem presa na seta também. Desviei o olhar para a neve à minha frente, respirei fundo e tentei uma segunda vez. Agarrei nela, contei mentalmente até três e puxei com toda a força que tinha.
- AAAHHHHH FODA-SE!!! - gritei outra vez, era impossível não gritar com aquelas dores. Apesar de ter custado, consegui arrancar a maldita seta do meu ombro e deixei-me cair de costas na neve.

Eduardo e Helena
Localização: Templo Solari

Antes que os primeiros raios solares tocassem sequer nos grandes vitrais do templo Solari, Helena já lá estava, ajoelhada junto ao altar dourado a prestar as suas preces ao Sol. Estivesse chuva, estivesse sol, era um ritual que cumpria todos os dias sem excepção, e que aos olhos dos outros lhe valia o título de dedicada. Uma farsa entre muitas outras que se escondiam em solo Solari.
Assim que acabou de citar as últimas palavras das suas preces, descruzou as mãos e fitou a rosásia acima da sua cabeça.
- Helena... - Ouviu alguém chamar o seu nome.
A mulher apoiou as mãos sobre os seus próprios joelhos, levantou-se e rodou sobre si mesma até avistar o seu irmão Eduardo.
- Madrugadora como sempre... - Comentou ao mesmo tempo que caminhava na sua direcção e encurtava o espaço entre si e o altar. - Comentou Eduardo.
- É o momento ideal para reflectir sobre tudo o que nos rodeia. - Respondeu. - Tiveste bons sonhos?
- Um pouco estranhos. Desde que previ a chegada de Leona que as minhas visões estão cada vez confusas e difíceis de interpretar. Por outro lado, tanto o Dante como a Elli continuam a mostrar potencial.... Helena, achas que o Sol me abandonou?
Ao perceber a insegurança do seu irmão, ela avançou na sua direcção e pousou a mão direita no seu rosto, acariciando-o:
- Não. Acredito que o Sol tenha algo muito especial reservado para ti.
O som das portadas a abrirem-se fizeram com que a atenção dos irmãos se focasse sobre quem entrava - um Solari aprendiz que há pouco tempo se tinha juntado ao culto e estava ao encargo de Helena.
- Dona Helena, trago-lhe notícias de extrema importância!
- É urgente, Cesar? - Perguntou Helena.
- Sim, parece que...
- Aqui não. - Interrompeu-o. - Este local é puro e deve manter-se assim. Vamos lá fora... - Disse, ao mesmo tempo que se dirigia para o exterior com o seu acompanhante.
Enquanto isso, o seu irmão Eduardo avançou na direcção oposta e foi-se sentar num banco. Não tarda estariam ali os discípulos e os grandes mestres, por isso mais valia a pena fazer-lhes companhia nas preces da manhã.

Já no exterior, Helena encaminhou-se para uma área longe de olhares curiosos para perguntar ao seu aprendiz que notícias lhe tinham chegado.
- A aldeia Rakkor a Sul do Pico do Desespero reportou que encontraram a herética.
- A herética, dizes tu?... Quem reportou tal falsidade? - Helena tinha vindo a saber que tanto Leona, como Diana estavam no Instituto de Guerra e que não voltariam tão cedo. A não ser que...
- O próprio capitão da guarda Rakkor a avistou. - Pausou, meio reticente. - Pior... Ele viu a escolhida do Sol a fugir com a herética. Não se entende muito bem os seus motivos, mas no meio da confusão, sabe-se que uma guerreira Rakkor disparou uma flecha sobre as duas e pensas-se que tenha acertado Leona.
- O quê? - Mostrou-se incrédula. Considerando a personalidade de Leona, acreditava que esta se abstivesse de magoar Diana, mas não o contrário. Não depois de ter enviado uma carta especificamente a provocar sentimentos negativos na Lunari. Ah... A Lunari. Uma alma sofrida sem rumo, sem um objectivo lógico. No entanto, uma peça importante para atingir os seus objectivos - mesmo que isso passasse "apenas" pelo assassinato da escolhida. Desde que Leona chegara à aldeia Solari que as coisas tinham mudado drasticamente: a autoridade das pessoas mais poderosas hierarquicamente tinha sido posta em causa e o seu irmão, que outrora fora uma figura importante nas decisões do concelho, era agora meramente visto como um fardo. Helena sabia o que era feito com as pessoas que eram consideradas um fardo. - Certamente terá as suas razões... Leona é uma pessoa boa, justa e sensata, ela jamais nos trairia. - Tranquilizou-o. Quanto menos se mostrasse contra ela, mais facilmente passaria por despercebida quando Leona desaparecesse.
- Tem razão dona Helena... Ainda assim, é uma situação complicada para nós Solari, já que estamos a dobrarmos-nos sobre as nossas próprias palavras.
- Eles também atingiram Leona. Um crime punível com a morte. - Queria dar a entender que eles podiam negociar com esse trunfo e voltar a criar estabilidade entre as tribos. - De qualquer maneira, diz-me Cesar, quem é que tem conhecimento do que acabaste de me contar?
- Entendo... - Pausou, escutando a pergunta da sua tutora. - Pelo que entendi, a vila Rakkor em questão e alguns Solari. Mas não vai demorar muito para que a notícia se espalhe... Se bem que já mandaram algumas equipas de busca, com o objectivo de encontrar Leona.
- Uma decisão sensata. Quem sabe também consigam trazer justiça sobre a herética.
- A Dona Helena não tem medo?
- Não. O que tiver que acontecer, acontecerá.

Diana
Localização: Algures nas montanhas

Vendo a Solari a sentar-se e a responder ao seu comentário com outro azedo, fê-la retomar uma expressão neutra - mesmo que, bem lá no fundo, se sentisse um pouco mais aliviada, sabia que Leona não estava para brincadeiras.
Com o olhar que a outra lhe deitara, sentiu-se incomodada e desviou o seu em direcção a um montículo de neve enquanto recordava os últimos momentos vividos naquela amaldiçoada academia - os rostos apavorados dos tinha morto, os gritos exasperantes dos que fugiram, as súplicas do rapaz que tinha feito refém e a razão que a tinha feito descontrolar-se, a notícia da morte do seu pai.
Diana mordeu o lábio inferior, contendo a sua frustração. Doía. Toda aquela situação doía. Mas porquê?... O seu pai tinha-a rejeitado e tentado matar como todos os outros, já as outras pessoas que tinha ameaçado e morto nem os nomes lhes sabia, ao contrário dos anciões Solari. Ah...! Talvez fosse por saber que de uma atitude que não tinha sido pensada, fosse sair tão prejudicada. Graças às suas acções tinha ficado sem nada... nada.
Os gritos de Leona, despertaram-na do seu transe e obrigaram-na a encará-la.
- O que estás a fazer? Pára!... - Gritou de volta, quando se apercebeu que a outra estava a tentar arrancar a flecha do seu ombro. - És retardada?
O mal estava feito. Leona tinha arrancado a flecha do ombro a sangue frio e agora não só corria o risco de esvaiar-se em sangue, como também de ter danificado os tecidos e músculos do local - um dano irreversível e que acabava a vida de muitos guerreiros, segundo os livros mais nobres escritos pelos Solari.
- Tens mesmo um desejo de morte?! Uma flecha não é algo que possa ser arrancado assim, sua estúpida!

Leona
Localização: Algures nas montanhas

Sentia o sangue quente a escorrer pela neve e o meu ombro. Doia menos, por isso já era um alívio. No entanto sentia a ficar-me sonolenta, fraca. Sabia que o sangue não estava a parar de escorrer, e que o tinha que estacar antes que fosse tarde de mais.
- CALA-TE! - gritei enquanto me tentava levantar. Estava a ficar cansada da voz de Diana, por muita razão que ela pudesse ter. - Eu sei o que estou a fazer...
Levantei-me e cambaleei um bocado, fraca. Será que sabia mesmo o que estava a fazer? Ia ver não tarda... Se morresse, parabéns Diana, tinhas vencido. Mas eu não ia morrer, o Sol ia acompanhar-me e ajudar-me durante este dia, enfrentando qualquer desafio e dor.
A primeira coisa que fiz foi arrancar a ombreira furada e encharcada. Atirei-a para ao pé do cavalo e depois rasguei a roupa à volta do ombro, mostrando o fundo buraco que tinha e de onde não parava de sair sangue. Já tinha arrancado algum tecido do manto rasgado de Diana, supunha que mais um bocado não ia fazer mal.
Aproximei-me dela e sentei-me a seu lado. Empurrei-a desajeitadamente de modo a ver a maior parte do manto. Puxei o dito manto com a mão do braço bom e rasguei um bom bocado de tecido com os dentes, mas sempre com alguma dificuldade, sentia-me a ficar mais fraca. Com o longo pedaço de manto na mão, tentei enrola-lo desajeitadamente à volta do ombro ao mesmo tempo que tremia. Não conseguia parar de tremer e isso estava a prejudicar no que queria fazer. Depois de envolver o bocado de manto à volta tentei aperta-lo, mas sem grande sucesso. Caí fraca na neve, ao lado de Diana. Era fútil o que ia dizer a seguir, mas a palavra simplesmente saiu-me da boca:
- Aju...da...me.

Diana
Localização: Algures nas montanhas

A outra estava tão aluada face ao perigo que corria que ainda lhe teve o descaramento de gritar.
- Isso, isso! Morre para aí então! - Respondeu sem sequer pensar duas vezes.
De qualquer das maneiras, não tencionava esperar que a Solari se esvaísse em sangue: começou a remexer uma vez mais os pulsos na tentativa de se soltar das malditas amarras, mas estas só pareciam estar a ficar mais apertadas - ou então a própria Diana estaria a ficar mais fraca.
Leona, que entretanto se tinha levantado e se livrado da sua ombreira perfurada, avançou na sua direcção, sentou-se a seu lado e puxou-a mais uma vez pelo manto. A proximidade indesejada e o facto da outra querer rasgar-lhe o pedaço do manto que lhe restava incomodou-a ao ponto de cerrar os dentes e olhá-la de lado. Só quando o fez, no entanto, é que se apercebeu do buraco que esta tinha no ombro e no sangue que não parava de jorrar de lá. Amenizou a sua expressão e fitou-a apreensiva. Era deprimente vê-la naquele estado. Ainda mais quando ela caiu a seu lado, fraca e imóvel.
O seu pedido remexeu interiormente com a Lunari, mas ela não o demonstrou - pelo menos não nas suas acções imediatas ou nas suas palavras.
- Ajudar a pessoa que ainda há pouco me queria matar?... - Bufou. - Esta é uma oportunidade perfeita para escapar, achas que não tenciono aproveitá-la?
No momento de silêncio que se seguiu, Diana voltou a perscrutar o local, sem saber exactamente o que fazer. Estavam demasiado longe da base da montanha para que Leona pudesse ser tratada por alguém capaz e a alternativa, que seria entregá-la a um rakkor qualquer e rezar este para que pudesse fazer algo por ela, era demasiado arriscada. Por outro lado, como tinha mencionado, esta seria a oportunidade perfeita para se livrar de Leona, fugir daquele local e retornar ao templo Lunari. De olhos postos no horizonte, Diana viu-se num impasse para tomar uma decisão urgente - um erro fatal se se estendesse por muito tempo.
A primeira coisa que fez, foi levantar-se com algum esforço e cuidado, uma vez que o seu pé esquerdo se encontrava magoado. Ainda não tivera uma oportunidade de ver do que se tratava, mas só o facto de não estar encharcada em lágrimas, faziam-na crer que o que tinha, não passava de um mau jeito, possivelmente um entorse. Olhou uma última vez para Leona antes de fazer o que quer que fosse, como se estivesse a confirmar pela última vez que estava decidida a salvá-la. Logo a seguir agachou-se junto à espada da Solari e forçou as amarras que prendiam os seus pulsos na lâmina até as rasgar. Por pouco não se tinha também cortado.
Por fim, gatinhou para o lado de Leona e depois de verificar a sua condição, tratou de atar com maior firmeza as ligaduras improvisadas - aquele pedaço de tecido estava longe de estar limpo, mas sem uma alternativa melhor por perto, teria que servir. Logo a seguir, rasgou uma das pernas das calças que tinha roubado ao homem bêbado e usou-a para reforçar o curativo no ombro de Leona.
- Estás viva?... - Perguntou. - Vou precisar da tua ajuda para sairmos daqui.


Leona
Localização: Algures nas montanhas

Mas que raio tentei eu fazer? Estava ali a esvair-me em sangue à espera que a pessoa que eu queria matar me ajudasse. Era estúpido, mas a realidade é que já não sentia tantas dores do que quando tinha a seta cravada em mim, daí a ter tirado. No entanto começava a perder os sentidos, o que por um lado até era um alívio.
Apesar de tudo, eu não queria morrer, mas era tarde de mais. Agora Diana iria escapar e eu sem forças para a impedir.
Estava feito.
Terminado.
A minha jornada chegou ao fim.
Da maneira mais estúpida possível.
Diana ia fugir e deixar-me ali a esvair-me em sangue e a congelar. Pensei em Lucian e nos nossos momentos bons das últimas semanas. Ao menos morreria com pensamentos bons.
Senti alguém (claro que era Diana, mas não consegui abrir os olhos) a envolver o meu ombro e a tentar parar o sangramento. Ouvi a sua voz a perguntar se estava viva. Quase que me deu vontade de rir.
- S-sim... - murmurei. Depois abri os olhos, e vi que ela já tinha tirado as amarras das mãos. Do que ela estava à espera? - Foge. Vai embora. Podes me deixar... - disse voltado a fechar os olhos. Ela não precisaria da minha ajuda para sair dali, só seria um estorvo.

Diana
Localização: Algures nas montanhas

- Diz isso mais uma vez e deixo-te aqui nas montanhas. - Respondeu-lhe com uma rispidez fria.
Sem prestar muita atenção a uma possível resposta da parte de Leona, Diana voltou a perscrutar o local à procura de uma maneira de saírem dali. Incitar o cavalo a fazer um novo percurso por elas estava fora de questão, mas carregar tudo sozinha com o seu tornozelo magoado também lhe era impossível.
- Merda. - Desabafou para o ar ao mesmo tempo que cerrava os dentes e se levantava. Caminhou primeiro até ao saco que continha a sua armadura, pegou nele com algum esforço e depois de o atirar por cima do ombro coxeou até a umas silvas depenadas. A dois passos destas, voltou a pousá-lo no chão, ajoelhou-se ao seu lado, afastou alguma da neve com as mãos e puxou o saco para o buraco que tinha feito. Agora só faltava o escudo de Leona. "Só." Diana soltou um suspiro nervoso e levantou-se mais uma vez com o objectivo de fazer o percurso inverso. Quando estava próxima do escudo Solari, pegou nele e levou-o para o mesmo sitio onde tinha deixado o saco, colocando-o estrategicamente por cima e tapando-o com a neve que tinha disponível.
Assim que voltou a iniciar marcha e ficou a uma distância aceitável de Leona, elevou a voz para que ela a ouvisse:
- Escondi o teu escudo. - Não havia necessidade de lhe revelar que também tinha deixado a sua armadura para trás. - A espada levo connosco. - Baixou-se para pegar na espada e prendeu-a às suas roupas. De seguida avançou até ao cavalo, desposou-o da sela, cabresto e rédeas, apoderando-se apenas das duas últimas. Por fim, caminhou até Leona, abaixou-se ligeiramente para poder passar o braço bom dela por cima do seu pescoço e preparou-se para fazer força. - Agora é a altura em que te levantas. Vamos sair daqui. - Anunciou.

Com um impulso, Diana levantou o corpo da Solari e tentou estabilizá-lo para que ela pudesse caminhar por si própria a seu lado. Passo a passo, prosseguiram com o cuidado de ir por um trilho com menos neve até chegarem a uma parte rochosa da montanha que se estendia em direcção ao céu e para além do que o olho humano conseguia observar.
Um arrepio percorreu a sua espinha, uma sensação familiar que a remeteu para a primeira vez que encontrara o templo Lunari - a Lua estava a chamá-la.
Por breves momentos, abrandou a caminhada para olhar ao seu redor. A paisagem era muito diferente daquela que circundava o templo que conhecia, no entanto, havia algo nela que lhe transmitia alguma confiança, conforto e sobretudo força para continuar - mesmo sabendo que estava completamente perdida e no meio de nenhures.
- Estamos quase.
À medida que avançavam por entre alguns montículos de neve acumulada, ocasionais arbustos e outras poucas superfícies um pouco mais escorregadias, a neve foi-se tornando cada vez mais escassa e eventualmente foi substituída por um chão de pedra cinzento polido. A intensidade da luz Solar tinha-se tornado diminuta dificultando a percepção de quem se guiava por aqueles trilhos e a montanha adquirido uma forma côncava, como se tivesse sido cuidadosamente escavada pelas mãos de um gigante.
De tão absorvida pelas sensações e ruídos que estava, só se apercebeu que um tecto que se estendia sobre a sua cabeça quando olhou para cima. Não ficaram por ali, no entanto. Continuaram embrenhar-se pelo interior da montanha até chegarem a uma parte que lhe pareceu suficientemente resguardada das agressões da natureza.
Diana guiou Leona até a uma parede, ajudou-a a sentar-se e recuou alguns passos para trás, deixando-se cair de seguida. Além do cansaço, algo mais estava a perturbá-la. Despojou-se da espada que levava presa às suas roupas e começou a descalçar o seu botim, até se deparar com um pé ferido e completamente inchado. O simples toque fê-la encolher-se.
- Merda. - Queixou-se entre dentes.

Leona
Localização: Algures nas montanhas

Ainda de olhos fechados ouvi-a afastar-se de mim. Deixei-me estar e aceitei o meu destino. No entanto ouvi-a falar pouco depois a dizer que tinha escondido o meu escudo. "Para quê?" Pensei. Depois ainda acrescentou que levava a espada connosco. "Connosco?" Estava bastante confusa e fui obrigada a abrir os olhos quando Diana me puxou para cima, levantando-me. Juntei as poucas forças que tinhe e caminhei a seu lado em silêncio, por muito estúpido que as suas ações fossem.
Pelo caminho tentei absorver o máximo de energia Solar que podia, para ver se de algum modo conseguia recuperar algumas forças. Não estava a ser fácil, mas deu de certo modo caminharmos até a uma gruta. Diana colocou-me encostada a uma parede, sentando-se de seguida à minha frente, descalçando-se.
- Pff...ff..ah...ah... - queria rir-me. Era tudo demasiado cómico na minha cabeça. Não consegui aguentar e desmanchei-me em gargalhadas. - AHAHAHAHAHAHAHAHAHA! - as gargalhadas ecoavam pela gruta, e fazia com que se tornassem de algum modo maquiavélicas parecendo que estava doida. - A sério? Diana, a sério? - disse quando finalmente me consegui acalmar, ainda por entre de várias risadas. Doia-me imenso o ombro ao rir-me, mas não conseguia evitar - Tu não conseguiste abandonar-me? Nem matar-me? A sério? Depois de tudo?!? Mataste inocentes sem qualquer motivo, mas não és capaz de deixar uma Solari para trás a morrer? Ai Diana, és de mais! AHAHAHAH!

Diana
Localização: Algures nas montanhas

Lamentar-se agora pelo que se tinha sucedido ao longo de um dia que parecia não ter fim não ia levá-la a lado nenhum. Havia muito pouco que pudesse fazer em relação ao seu pé, sem ser meter-lhe um bocado de gelo e esperar uma recuperação lenta e dolorosa e no fundo, era isso que tencionava fazer. Se fosse um animal, ou outra pessoa qualquer, um pé magoado muito provavelmente significaria a sua morte no Targon, mas ela não era uma pessoa qualquer, mas sim Diana! Iria sobreviver. E mesmo por ser Diana, não havia tempo para se queixar, deixar-se ir abaixo ou afogar-se nas suas próprias emoções. Já o tinha feito outras vezes, não precisava de fazê-lo agora. No entanto, quanto tempo mais se passava e ela ponderava sobre o que se tinha passado na academia mais se sentia culpada - não só pelas pessoas que tinha morto, mas também pela morte do seu pai.
Absorvida nos seus pensamentos, começou a ouvir Leona a rir-se sem motivo aparente. Por momentos quis perguntar-se se tinha enlouquecido de vez, ou se a ferimento lhe estava a causar alucinações, mas antes que o pudesse fazer a Solari dirigiu-se a ela primeiro.
De facto, até no seu próprio estado não deveria ser muito difícil de perceber que o que tinha acabado de fazer era completamente descabido - principalmente depois de ter ouvido directamente da boca de Leona que o seu propósito na academia fora apenas vingar os seus, matando-a. Porque tinha salvo a Solari? Talvez por ainda acreditar que ela estivesse a mentir e que realmente fosse a pessoa forte e de bom coração que tinha outrora admirado... Talvez. Essas mesmas ilusões já a tinham traído uma vez hoje, podiam muito bem traí-la agora também.
- Eu estava errada. - Disse num tom quase mudo, ao mesmo tempo que ajeitava o seu pé para melhor analisá-lo.

Leona
Localização: Algures nas montanhas

Calei-me, a muito custo (pois só me queria rir), para ver se ouvia alguma resposta da parte de Diana. Quando ela só diz que estava errada fiquei confusa e abafei o riso por completo. Errada de que modo? Que não me queria matar? Que afinal o seu poder estranho da Lua não existia? Que os Solari tiveram sempre razão? Será que haveria salvação para Diana caso ela se quisesse redimir e voltar a aceitar o Sol?
- Errada do quê? - perguntei eu, mais calma.

Diana
Localização: Algures nas montanhas

A pergunta de Leona obrigou-a a parar o que estava a fazer para reorganizar as palavras que iam na sua cabeça:
- Fiquei tão afectada pelas minhas próprias emoções, que naquele momento tudo deixou de fazer sentido. De facto, acreditei que... Houve uma parte de mim que acreditou que, tal como Rumble, Shen e Elise aquelas pessoas pudessem ser revividas pelos invocadores. Que até mesmo o meu pai pudesse ser revivido pelos meus invocadores. Não... Não podia estar mais errada. - Fez uma pausa e cerrou os punhos. - Aquelas pessoas que me me pediram e gritaram para parar não vão voltar porque eu lhes tirei a vida.


Leona
Localização: Algures nas montanhas

Diana finalmente deu uma justificação plausível pelos seus actos. Claro que não foi acertada de algum modo, mas pelo menos já lhe deu um motivo. Eu desconhecia que o pai de Diana estava morto e quando Louis me visitou à pouco tempo, nada me contou sobre esse aspecto. Se bem que eu não o conhecia, mas Louis estava sempre a par da comunidade Solari, pois era escrivão.
- Quando é que o teu pai morreu? - perguntei calmamente - E foi preciso criar aquele pesadelo todo por o teu pai ter partido? Se bem que já fizeste mais por menos... - e abanei a cabeça desapontada.

Diana
Localização: Algures nas montanhas

A Lunari fitou a sua rival com uma expressão enrijecida. Embora as suas palavras lhe parecessem genuínas, custava-lhe a acreditar que ela não soubesse do sucedido - ainda para mais depois de ter recebido uma visita dos Solari na academia. Não que a própria Diana tivesse conhecimento do dia exacto, mas dado que a carta que Helena lhe enviara tinha demorado alguns dias a chegar ao seu destino, era seguro assumir que já se tinham passado alguns dias desde a sua execução... Ou será que não?
O seu coração começou novamente a bater desenfreado e a sua mente começou a divagar para uma possibilidade nada provável.
- Talvez ele não esteja morto... - Disse, num tom quase mudo. Não estava a fazer sentido. A simples possibilidade de ver o seu pai vivo demovia-a de qualquer raciocinio lógico.
Com uma inércia pouco comum, despiu as roupas do velho bêbado ficando apenas com o couro preto que "revestia" o seu corpo, rasgou-lhes um pedaço e começou a amarrá-lo de volta do pé para depois o voltar a calçar com o botim.

Leona
Localização: Algures nas montanhas

- Talvez não. - comentei eu enquanto observava Diana a despir-se e a arranjar um bocado de couro para embrulhar no pé. Como este estava inchado, deduzi que ela o tivesse torcido. - De qualquer das formas, como sabes se o teu pai morreu? - perguntei curiosa.
Era certo que Louis me teria contado se o pai dela tivesse morrido. Gostava de saber quem é que lhe disse tal coisa que provocasse aquela sua ira assassinando os funcionários.
- Que planeias fazer agora? Vais-me abandonar aqui? - perguntei no fim.

Diana
Localização: Algures nas montanhas

Diana voltou a olhar para Leona, ao mesmo tempo que se levantava e refletia nas palavras que estava prestes a usar. Revelar-lhe que Helena lhe tinha enviado uma carta a anunciar a morte do seu pai iria certamente pôr a pessoa que considerava a sua segunda mãe em risco, o que para si, estava fora de questão.
- Não é importante. - Respondeu por fim, fazendo uma longa pausa antes de continuar. - Eu vou buscar o meu pai à vila Solari. - As suas palavras tinham um um sentido bastante óbvio. Iria buscar o seu pai e extreminaria quem quer que se pusesse no seu caminho. - Quanto a ti... Parece-me que já estás em condições para te safares por ti mesma. Ainda assim, recomendo-te a trocares as ligaduras e improvisares um torniquete com as amarras do cavalo. Afinal... Foi para isso que as trouxe.
Não esperava uma resposta de Leona. E se esta lhe dirigisse a palavra, tinha a certeza que seria algo depreciativo, por isso ignorou-a. Ignorou-a a ela, ignorou todas as dores que tinha e coxeou até à entrada da caverna, até que o sol começasse novamente a bater na sua cabeça.

Leona
Localização: Algures nas montanhas

Sim, ela ia abandonar-me ali e ia até à vila Solari buscar o pai. Mas a que custo? Como iria ela passar pelos Solari até lá chegar? Iam aperceber-se quem ela era de certeza.
Não sabia ao certo o que fazer. Erguei-me e fui buscar a minha espada, colocando-a à cintura, a minha ombreira danificada, alguns pedaços de tecido e o torniquete. Caminhei em direção a Diana que já estava fora da caverna e agarrei-a pelo braço, impedindo-a de avançar. Já não a iria matar, sabia que não o conseguia fazer apesar de tudo, mas iria fazer justiça na mesma. Iria acompanha-la até à vila Solari e entregar-la-ia aos Solari quando lá chegasse. Não podia era dar a entender essa minha intenção.
- Vou contigo...
Tinha dores e estava fraca, mas sabia que ela também o estava. Por isso ela não iria conseguir fugir mesmo que quisesse e eu não teria que me esforçar para a procurar.

Helena
Localização: Algures nas montanhas

Embora a sua autoridade dentro dos Solari não fosse suficiente para que pudesse agir por si mesma, os seus contatos, aliados ao seu poder de persuação, permitiram-lhe reunir um grupo de busca numa questão de minutos, sem que a maior parte dos Solari soubessem dos seus planos.
Junto dos seus, escolheram as melhores cabras montantes ao seu dispor, e partiram de manhã em direcção à localização em que tinha sido relatado o último avistamento de Leona e Diana.
Tendo optado por não investigar diretamente a vila em questão, Helena e os Solari que a acompanhavam seguiram por um trilho alternativo que circundava as redondezas. A eles, veio reunir-se um guerreiro Solari de pele morena e físico avantajado:

- Investiguei o lado oeste da vila como me indicou, menina Helena, mas não consegui encontrar nenhuma pista do paradeiro da escolhida do Sol. Apenas me deparei com uma armada de Rakkors que vinham no sentido oposto, mas esses também não viram nada. - Anunciou Rodolfo.
- Tudo bem, Rodolfo. Junta-te a nós. Vamos descer a montanha.
- Descer a montanha? - Indagou o mais jovem do grupo, o seu nome Lúcio. - Se Leo... A escolhida do Sol foi vista no monte Targon não faria mais sentido que estivesse a subir em direcção à nossa vila, em vez de descer em direcção... ao nada?
Helena fitou-o abençoando parcialmente a sua ignorância. A companhia daquele jovem tinha sido o único entrave imposto pelos anciões para fazer o que realmente queria.
- A nossa escolhida do Sol é bondosa... Demasiado bondosa. Temo que ela tenha tentado demover a herética das suas crenças e iluminá-la com o nosso Sol. - Fez uma pausa, tirando depois os seus olhos do rapaz para olhar para o horizonte. - Infelizmente isso é praticamente impossível. Uma vez seduzida pelas forças do mal, Diana jamais voltará para o nosso lado.
- Então... Acha que a escolhida fugiu com a herética? Ela poderá estar em perigo!
- Exatamente. Por isso é que nós temos que encontrá-las o quanto antes, garantir a segurança de Leona e que a héretica recebe o seu devido castigo.
- Dona Helena! - Um novo homem de armadura e espada à cintura montado numa cabra montante, veio ao seu encontro. - Encontrei algo que pode ser do seu interesse...

Diana
Localização: Algures nas montanhas

Mesmo ouvindo o tilintar da armadura e da espada de Leona - em conjunto com a sua passada na neve do Monte Targon - aproximar-se de si, Diana ficou surpresa quando sentiu a mão da outra pousar-lhe no seu ombro. Logo a seguir, virou-se para trás e estreitou os olhos quando a ouviu dizer que iria consigo.
- Claro. - Com a sua mão enxotou bruscamente a de Leona. - Já agora porque não nos juntamos todos e tomamos um chá como se fosse a coisa mais natural deste mundo?... Principalmente com a pessoa que queria matar-me há segundos atrás. Não, tenho uma ideia melhor. Porque não tomo um sedativo, amarro as minhas mãos atrás das costas e vou bater à porta dos Solari assim mesmo? Tsc... - Virou-lhe as costas e continuou a caminhar.

Leona
Localização: Algures nas montanhas

- Basta de ironias... Tu vais para onde eu vou, por isso eu sigo-te, quer queiras quer não. - respondi eu, endireitando-te a bastante custo depois de ela ter sacudido a minha mão no seu ombro.
Diana começou a caminhar e eu segui-a atrás dela, afastada a alguns metros. O sol já ia alto, devia de ser meio-dia.


- TARDE DE TERÇA-FEIRA -

Diana
Localização: Algures nas montanhas

Não sendo possível despistar Leona com o seu pé magoado durante o dia, Diana planeava em despistá-la quando o Sol se estivesse a pôr. Não seria uma tarefa fácil, mas se confiasse nos seus sentidos e nos seus conhecimentos sobre aquela montanha poderia escapar-se. Ou será que não? A verdade é que não tinha comido nada durante aqueles dois dias e tinha a sua movimentação bastante limitada.
- Claro... - Reclamou a baixo tom. - Devias era voltar para a aldeia Rakkor de onde vieste. Não só para tratares desse teu braço, mas também para ver se me deixavas em paz. Se não tivesses sido tu...
Felizmente, o ríspido vento da noite passada tinha cessado e a temperatura subido com o aproximar da tarde. Mas isso não significava que corriam menos riscos naquele lugar. Muito pelo contrário. Cada montículo de neve que se desgrudava das paredes das montanhas, representava uma potencial avalanche pronta a levar a vida de quem por lá passasse.

Leona
Localização: Algures nas montanhas

A caminhada foi longa e dolorosa. O tempo foi passado em silêncio enquanto caminhavamos e eu mantinha sempre alguns metros de distância atrás de Diana. O frio não me incomodava muito, uma vez que conseguia juntar algumas forças do poder do Sol para me aquecer, mas tinha medo quando a noite chegasse. Para além de o meu poder ser muito mais fraco à noite, a escuridão apavorava-me.

Houve uma certa altura que me deixei ficar mais para trás, porque tentei mudar as ligaduras e aplicar o torniquete. Não foi fácil e por breves pausas no caminho (para fazer a mudança das ligaduras) quase que pensei que tinha perdido Diana, mas depois lá a via no meio das montanhas a coxear. Quando finalmente estava composta e com as ligaduras minimamente bem colocadas, comecei a acelerar o passo para apanhar Diana novamente. Sabia que ela nunca andaria mais rápido devido ao ferimento no seu pé, por isso passado algum tempo finalmente a alcancei e passei a andar ao seu passo sem uma única palavra.

Passado mais um bom bocado, vi algo estranho a mexer-se na neve a alguns metros à nossa frente. Quando me apercebi o que era, avancei até Diana e puxei-a pelo pulso obrigado-a a abaixar-se atrás de um rochedo.
- Shhhhhh... - murmurei baixinho. - Olha um coelho. - E apontei para um coelho branco que mal se distinguia no meio de tanta neve. Só os seus olhos vermelhos é que se sobressaíam de todo o resto.


Diana
Localização: Algures nas montanhas

Sem muito mais para falar, tanto a Lunari como a Solari limitaram-se a caminhar em silêncio em direcção a nenhures. Não que fosse propositado, mas era inevitável sem um meio para se guiarem já que o Sol ia no seu ponto mais alto e de momento não dava indicações de onde era o este ou oeste.
Diana bufou transtornada por esse facto, mas não se rendeu a um sentimento de derrota e continuou. A algum lugar iria chegar.

À medida que o tempo passava, no entanto, foram gradualmente ajustando o seu percurso. Nos momentos em que Diana parava para examinar qual o melhor caminho a tomar, muitas outras coisas lhe chegavam à cabeça, sendo uma delas os problemas que a presença de Leona lhe causaria. Certamente ela não estava ali para lhe abrir as portas da cidade Solari.

Num dos momentos em que se sentiu mais inspirada a avançar pelas montanhas, notou que Leona estava a ficar para trás e acelerou a sua própria passada para se distanciar ainda mais mais. Isso até pareceu ter resultado, pois deixou de a ver durante os próximos minutos, no entanto, mais tarde lá deu outra vez pela sua presença.

"Se ao menos o meu pé estivesse bom..."

A caminhada continuou durante mais um bom bocado até ter sido subitamente agarrada pelo pulso. Leona tinha avistado um coelho.
A Lunari procurou com o olhar na direcção que a Solari apontara e lá achou a criatura a cheirar o ar. A primeira coisa que fez foi procurar-lhe pela toca. Se ele se refugiasse na toca seria problemático tirá-lo de lá.
- Então e como tencionas apanhá-lo sabichona? - Perguntou-lhe também a meia-voz.

Leona
Localização: Algures nas montanhas

- Não sei. - respondi secamente. - Mas eu pelo menos encontro-me esfomeada, tu não?
De certeza que ela estava tão ou mais esfomeada como eu. E feridas, precisavamos de comer alguma coisa para recuperar forças. Eu só tinha a minha enorme espada, nada prática para apanhar um coelho.

Diana
Localização: Algures nas montanhas

Não podia negar que estava com fome. Por todos os anos que tinha vivido no Monte Targon, houvera alturas em que as rações eram diminutas, e como tal ela e a sua familia tinham frequentemente de se sujeitar a saltar uma mão se refeições, por isso não era nada de novo não comer por um dia, ou dois, no entanto agora que se tinha habituado às refeições abastadas da academia sentia o seu estomago dolorosamente apertado.
- Tsc...
Diana agachou-se e alcançou uma pedra solta do chão. Sacudiu-lhe a neve e voltou-se a posicionar de frente para o coelho.
- Se tiveres uma ideia melhor, fala agora, caso contrário podemos apenas voltar a avistar o coelho amanhã.

Leona
Localização: Algures nas montanhas

Vi Diana a pegar numa pedra e a posicionar-se para atirar ao coelho. Eu observava curiosa e esperançosa que essa sua ideia funcionasse. Ela ainda perguntou se eu tinha uma melhor ideia, no que respondi:
- A tua ideia é melhor do que eu correr atrás dele com a minha espada... Força.

Diana
Localização: Algures nas montanhas

Com a resposta de Leona, Diana repuxou o seu braço direito para trás e mirou o coelho que escavava agora alguma da neve à procura de algo para comer.
Aquele golpe tinha que ser certeiro e mortífero. Se falhasse, ficaria sem jantar. Se acertasse mas não o matasse, o animal poderia fugir e continuava a ficar sem jantar.
Tal era a pressão sobre aquele tiro, que Diana susteve o ar nos seus pulmões.
Com um movimento em arco, arremessou a pedra na direcção do coelho que voou em alta velocidade e foi acertar a alguns centímetros do coelho, que alarmado começou a pular dali para fora, tão depressa quanto as suas patas lhe permitiam.
A expressão de Diana enrijeceu e ela deu um estalido com a língua. Mas que merda. Olhou de relance para Leona, esperando algum tipo de resposta amarga, mas não lhe disse nada.

Helena
Localização: Algures nas montanhas

Após terem investigado o local que Claus sugerira, descobriram um rasto tênue dos cascos de um cavalo e um pedaço de tecido cinzento que tresandava a alcool, e que se encontrava preso a um ramo partido de um arbusto que ainda jorrava seiva fresca.

Se não fossem os homens de Helena terem investigado o que tinha acontecido previamente naquela pequena aldeia Rakkor, aquelas pistas não lhes diriam absolutamente nada. No entanto, os relatos de um homem bebado que insistia que a heretica lhe tinha roubado as roupas, tornavam bastante plausivel que aquelas pistas tivessem algo a ver com a fuga de Leona e Diana.

- Vamos continuar a partir daqui e na direcção oposta à aldeia. - Anunciou Helena.

- Estava prestes a sugerir o mesmo. - Interrompeu Claus, incitando de seguida a sua cabra montante a começar a descer a montanha.

- Vamos, Lúcio? - Perguntou Helena depois de ver que todos os Solari, excepto o rapaz, tinham iniciado marcha. Este encarava o horizonte transparecendo algum nervosismo. Se ele quisesse voltar para a cidade Solari, teria de ser agora.

- S... Sim. - Respondeu-lhe a meia voz.

Teria que livrar-se dele mais tarde. Um acidente nas montanhas geladas, talvez.

Dionisio
Localização: Algures nas montanhas

Um cabrito montante da cor das azeitonas passou aos pinotes por Diana e Leona sem propriamente lhes prestar atenção. Aquilo que realmente o tinha cativado fora o coelho que ainda segundos antes ali estivera e que agora tinha desaparecido. Confuso, o cabrito deixou-se ficar pela zona inspeccionando as várias rochas à procura do seu próximo companheiro com quem poderia pinchar durante horas a fio.
- Cacaaaaau! CACAUUUU!
Um jovem lutava consigo mesmo para conseguir correr e gritar ao mesmo tempo sem que lhe faltasse o fôlego. O raio do cabrito mais novo tinha um hábito descontrolável de se desviar do resto da cabrada e desaparecer por completo. Dionisio não podia deixar que isso acontecesse, logo hoje que estava sozinho a tomar conta de tudo. Se perdesse o Cacau, o seu pai deserdava-o! Todas as cabras eram preciosíssimas, ou não fossem elas o seu ganha-pão.
- Já te viiii. - cantarolou Dionisio ao avistar a bola de pelo negra no meio da neve. Aproximou-se mais devagar, tomando cuidado onde punha os pés, e cedo reparou que ele e Cacau não estavam sozinhos. - Uou! - O encontro com as duas desconhecidas era inesperado demais para uma reacção mais elaborada.

Leona
Localização: Algures nas montanhas

Diana acabou por falhar e o coelho fugiu. Soltei um suspiro e comentei:
- Deixa lá, eu não faria melhor. - o que era verdade. Eu tinha uma pontaria horrível e mesmo tendo treinado arco e flecha quando era mais nova, a realidade é que nunca acertava muito no alvo.
De seguida ouvi alguém gritar o que me deixou alerta. Seriam os soldados Rakkor? Alarmada olhei à volta e encontrei uma cabra montante e um jovem rapaz ofegante. Agarrei com força a minha espada e perguntei:
- Quem és?

Diana
Localização: Algures nas montanhas

Apesar de tudo, Leona não lhe pareceu nem um pouco zangada por ter deixado escapar o coelho. Talvez um pouco desapontada, tal como ela ficaria no seu lugar, mas... Não zangada.
Diana sentiu uma estranha tristeza abater-se sobre si e engoliu em seco.
Envolta nos seus pensamentos só se apercebeu que não estava sozinha com Leona após o segundo chamamento de uma terceira pessoa.
Rapidamente perscutou o local e achou uma pequena cabra montante fugindo na sua direcção, sendo seguida por um jovem pastor.
Com um movimento rápido, mas pouco pensado, tentou segurar no punho da sua Kopesh. Uma Kopesh que lhe tinha sido retirada e já não se encontrava sobre a sua posse. Um facto assombroso, se pensasse na possibilidade de ser emboscada pelos Solari naquela montanha. Mesmo assim, não se deixaria apanhar facilmente.

Dionisio
Localização: Algures nas montanhas

As raparigas pareciam tão surpreendidas quanto Dionisio por encontrarem outra pessoa naquele lugar inóspito mas a sua reacção foi um pouco mais agressiva que a do rapaz.
- D-Dionisio. - gaguejou, ainda tomado pela surpresa daquele encontro e pela falta de ar da corrida em busca de Cacau (que entretanto voltara a fugir).
Ia devolver-lhes a pergunta mas deu por si a morder a própria língua. Os seus olhos tinham deslizado dos rostos para os corpos das desconhecidas e apercebeu-se que estavam armadas e feridas.
- São guerreiras? Precisam de ajuda?

Leona
Localização: Algures nas montanhas

O rapaz pareceu intimidado connosco. Gaguejou ao apresentar-se e perguntou se eramos guerreiras. Diana manteve-se em silêncio a meu lado. Nem sabia ao certo o que responder, precisavamos de ajuda, era um facto, eu pelo menos estava cheia de fome e com dores no ombro magoado que entretanto parecia ter parado de sangrar. De certeza que Diana também estaria magoada, ela coxeava bastante e parecia querer tanto comer aquele coelho como eu.
- Tens alguma coisa para comer? A cabra é tua? - perguntei eu fugindo um pouco à sua questão.
Aquela cabra sem dúvida que nos alimentaria mais que o coelho, mas não sabia se ela tinha dono, ou se seria alguma cabra montante que vivia por ali. Se bem que caso ela fosse selvagem também não seria fácil a apanhar, mas talvez com a ajuda daquele rapaz fosse possível.

Helena
Localização: Algures nas montanhas

O trajeto foi-se tornando cada vez mais sinuoso e desafiante. Até mesmo para as cabras montantes que estavam habituadas àquele ambiente.
Se Diana e Leona tivessem ido por ali montadas num cavalo, com certeza que não deveriam estar muito longe.
- Tenham cuidado. Estamos a entrar numa zona com demasiadas predras soltas e eu não quero que ninguém saia magoado daqui. - Não que a segurança das pessoas que a acompanhavam lhe fosse realmente importante, mas a verdade é que isso poderia comprometer a sua "missão".

Não tardaria para que, durante esse mesmo percurso descobrissem novas pistas sobre o possível paradeiro de Leona e Diana. Num local em que a neve se tornara mais macia, houve algo à distancia que despertou os olhares atentos dos homens de Helena. Um brilho que mais tarde revelou ser o prezado escudo dos Solari e armadura da Lunari.
- Porque levamos a armadura da herética na nossa viagem? - Perguntou o jovem Lúcio ao ver que os restantes guerreiros tinham reunido as peças da armadura prateada e as amarravam ao dorso de uma das cabras montantes. - Não seria melhor livrarmos-nos disso? Ainda por cima, ouvi dizer que está amaldiçoada...
- Isso não será necessário. - Interrompeu Helena. - Uma armadura vazia é apenas isso... Uma armadura. Lembra-te meu caro Lúcio que são as crenças de uma pessoa e as suas atitudes que as destroiem. Não objectos.
O rapaz calou-se e adoptou uma expressão apreensiva. Talvez se tivesse nascido noutra Era daria um bom aprendiz. Mas Lúcio estava demasiado ligado às crenças Solari para se juntar a ela.

No horizonte o Sol já se estava pôr, por isso, era importante encontrar um lugar onde pudessem passar noite.
- Acredito que mais à frente possamos encontrar uma casa abandonada para passar a noite. Pertencia a uma família que fazia criação de ovelhas...
Rodolfo não precisou de dizer mais nada para Helena depreendesse o que tinha acontecido. Aquele local devia estar tão afastado das aldeias Rakkor, que provavelmente teria sido assaltado e os seus ocupantes mortos. Um risco a que se sujeitava quem quisesse viver longe da civilização.
- Ali! - Alertou um dos guerreiros apontando para o mesmo e
horizonte em que o Sol se punha. Ao longe, uma mancha branca que se movia com movimentos circulares destacava-se da neve circundante.
"Um pastor e as suas cabras montantes... isso não seria razão para..." A linha de raciocínio de Helena cessou quando avistou algo mais. Uma... Duas... Três pessoas...
- Encontrei-vos.
- Em frente, em frente, em frente! Recolham Leona e capturem os outros dois! - Rodolfo tomou as rédeas da formação, incitando os outros guerreiros a avançarem sobre os seus alvos.
Furaram o rebanho do pastor enquanto gritavam para afugentar os animais que os circundavam e em tempo nenhum tinham as três pessoas encurraladas.
Um dos homens, saltou imediatamente para o chão e de espada em riste meteu-se à frente da Leona. Outros quatro, igualmente armados, avançaram sobre os seus dois alvos.

- FIM DA TARDE DE TERÇA-FEIRA -

Diana
Localização: Algures nas montanhas

Interpolado pela questão de Leona, o rapaz foi obrigado a apresentar-se com o seu próprio nome. A maneira como falava revelava o quão nervoso estava, o que na cabeça de Diana lhe concedia a oportunidade ideal para afugentá-lo. Leona, no entanto, parecia ter outras ideias.
- A mim não me interessa se a cabra lhe pertence. Eu vou-me embora. - A Lunari tinha plena noção de que quanto mais tempo desperdiçasse ali, maior seria a probabilidade de ser apanhada. Queria passar despercebida e dialogar com aquele rapaz não a estava a ajudar. Tomando a iniciativa, começou a caminhar sozinha pela neve na direcção oposta.

À medida que se afastava daquelas duas personagens, houve algo que a despertou para um novo evento. Os gritos abafados de homens e o trote de várias cabras montantes misturavam-se numa melodia incomum e pareciam estar a tornar-se cada vez mais nítidas como se estivessem a aproximar-se.
- Leona... - Diana virou-se para trás. Tinha uma expressão assustada no seu rosto. - Precisamos de ir.
Voltando novamente o seu olhar para o percurso a que se dirigia, começou a acelerar o passo, mas também a forçar cada vez mais o seu pé ferido.

Aquele momento pareceu-lhe uma eternidade.

Quando dois homens montados em cabras montantes se atravessaram no seu caminho e saltaram para o chão de lanças em riste, ela colocou-se numa posição defensiva. Sabia que nada podia fazer sem a sua Kopesh, no entanto não iria ao chão sem primeiro se tentar defender.
O que aconteceu a seguir, foi tão rápido que a Lunari mal teve tempo para respirar.
Um dos homens, tentou trazê-la ao chão com um golpe horizontal da sua lança, no entanto, Diana conseguiu agarrá-la no ar e tentou puxá-la para si. O homem, que não se tencionava render, puxou-a do seu lado com tal brusquidão que fez Diana desequilibrar-se e cair. Antes que se pudesse levantar para refutar, já tinha o outro homem com uma espada encostada ao seu pescoço e em cima de si.

Curiosamente não a tinham morto de imediato.

Dionisio
Localização: Algures nas montanhas

Dionisio não obteve resposta a nenhuma das suas perguntas. Em vez disso foi questionado novamente pela mesma rapariga sobre Cacau e comida, questão essa que já não lhe agradou tanto. O seu ar confuso e postura cuidadosa depressa se alteraram para algo mais frontal.
- É minha sim, e não é de comer. - prontificou-se a dizer para esclarecer de imediato que as suas cabras tinham outro propósito, não fosse a rapariga estar a achar que acabara de encontrar o seu jantar.
Já a outra moça, de cabelos descolorados, não partilhava o mesmo interesse da sua companheira e decidiu ir embora. Era melhor assim, pensou Dionisio. Se de facto as duas jovens não passavam de pedintes ou gente que se havia metido em sarilhos, Dionísio com certeza não se queria ver envolvido.
Os berros da sua cabrada, porém, alertaram-no de que esse não iria ser o caso. Contudo, quando os seus olhos conseguiram ver bem quem estava a chegar, quase se atirou para o chão. Era precisamente para eles que Dionisio e o seu pai criavam as cabras montantes!
- Suas senhorias! Wow! - exclamou quando uma lança lhe foi apontada ao pescoço. - O-o que se está a passar? Eu não fiz nada!

Leona
Localização: Algures nas montanhas

A minha ideia de arranjar alguma coisa para comer tinha ido por água abaixo. Além de Diana se desinteressar pelo assunto, o rapaz adotou outra posição afirmado que a cabra era sua e não era para comer. Pelo canto do olho observei Diana a afastar-se para se ir embora.
- Muito bem... - comecei por dizer em tom de despedida ao rapaz - Seguiremos cada um o seu... - no entanto fui interrompida por Diana que se encontrava claramente assustada pedindo para irmos embora.
Não tive tempo para responder quer a ela, quer a Dionisio. Um grupo de homens e mulheres montados em cabras montantes tinham acabado de nos encurralar. Depois de ver o símbolo Solari nas suas armaduras, não pude deixar de soltar um suspiro de alívio. Não eram os soldados Rakkor, eram Solaris e vinham resgatar-nos... Bem pelo menos a mim, Diana iria ser presa e condenada pelos seus crimes.
Um dos soldados saltou em minha direção e desembaiou a espada de modo a proteger-me.
- Calma, eu estou bem! - disse no meio daquela confusão toda. Vi Diana a ser derrubada e sem entender bem porquê, isso fez com que sentisse uma pontada de preocupação.

Helena
Localização: Algures nas montanhas

A rapidez e a eficácia com que guerreiros Solari executavam as suas ordens sempre a surpreendiam.
Mesmo que insistissem em negar, a maneira pouco elegante e brusca com que lidavam com as suas presas mostravam o sangue Rakkor que corria nas suas veias.

Já com a situação minimamente controlada, Helena fez sinal para o seu acompanhante e incitou a cabra montante a enveredar-se pelo rebanho em busca de quem procurava.
- Quem és tu?... - Indagou ao encontrar o estranho rapaz que se tinha envolvido no incidente.
- Ouviste dona Helena. Apresenta-te rapaz! - Reclamou um dos guerreiros com rispidez.
- Ele... - Lúcio estava prestes a falar, mas sentiu-se interrompido pelo olhar de Helena que recaiu sobre si.

A mulher dirigiu depois o seu olhar para Leona, que entretanto fora rodeada dos seus "protectores".
- Escolhida do Sol... Que rude da minha parte. - Helena apressou-se para descer da cabra montante e curvou ligeiramente a cabeça. Isso permitiu-a obter um vislumbre Diana por alguns segundos. - Sinto-me aliviada por saber que estás bem. Estávamos todos preocupados com a tua segurança depois de sabermos que tinhas sido avistada com herética.

Lúcio, que até então apenas descera da sua cabra e tinha imitado o cumprimento de Helena, aproximou-se de Leona:
- Trouxemos agasalhos para ti. - Disse-lhe Lúcio, esticando um manto. - Não é recomendável ficarmos neste lugar por muito tempo, já que os ventos estão a pôr-se demasiado fortes e podem provocar avalanches neste local.
- O rapaz tem razão. - Interrompeu por fim Rofolfo. Aproximou-se dos três e fez também uma vénia curta. - Seria melhor se nos alojássemos numa casa abandonada que conheço. Claro que... - Olhou para Diana e depois uns breves segundos para o pastor.
- Ele também vem. Precisamos de interrogá-lo. - Rematou Helena.

Diana
Localização: Algures nas montanhas

O nervosismo de Diana fê-la sorrir para o homem que a segurava.
- Não me vão matar?
O homem reagiu, fazendo pressão sobre o corpo da Lunari e consequentemente magoando o seu pé. Isso fê-la soltar um gemido entre dentes e lacrimejar com a dor.
- Vocês realmente acham que!...
O aço frio que estava encostado ao seu pescoço deslizou pela sua pele, fazendo um corte superficial na sua carne.
- Calada! - Ordenou o homem.
Diana obedeceu e encarou o solo sentindo-se derrotada. Depois de tudo o que lhe acontecera era isto que o destino lhe tinha reservado? Não era assim que deveria ser! Não era! Aquelas pessoas que ali estavam não podiam sair vitoriosas. Elas não iam sair vitoriosas.
No entanto, por muito que quisesse lutar, o seu corpo mal-nutrido e aleijado não a permitia. E isso estava a deixá-la desconcertada.

- Quem és tu?

Uma voz conhecida. Mas quem? Quem seria? Diana levantou novamente o olhar para encarar a pessoa que a tinha criado. Helena. O que ela fazia ali? Como tinha conseguido achá-la com tanta rapidez?... Isso não era humanamente impossível. Não. Era possível sim, se a notícia do seu avistamento se tivesse espalhado pelo Monte Targon. Mas isso também significava que outros Solari tinham conhecimento do seu paradeiro.
Os seus olhares cruzaram-se por meros segundos. Depois da mensagem que lhe tinha enviado, apenas poderia estar do seu lado... Não?
Diana voltou a baixar o seu olhar e consequentemente o seu rosto, quando sentiu as suas mãos a serem amarradas atrás das suas costas. Logo a seguir, dois dos Solari levantaram-na do chão e guiaram-na até a uma das montadas. Enquanto tudo isso aconteceu, ela não pronunciou uma única palavra. Helena estava ali. Ela possivelmente lhe diria o que fazer.

Dionisio
Localização: Algures nas montanhas

Tendo uma lança apontada ao pescoço, Dionisio não se atreveu a mexer-se. Apesar da falta de animosidade daquele encontro, tornou-se óbvio pela maneira como os Solari lidaram com cada um deles que quem estava em apuros era a moça de cabelos descolorados. Ainda assim, quando a líder do grupo os alcançou dirigiu-se primeiramente a Dionisio, que, apanhado desprevenido, demorou a encontrar as suas palavras.
- D-Dionisio, criador de cabras montantes... m-minha senhora - acrescentou rapidamente ao mesmo tempo que desviava o olhar de D. Helena para o chão. Era uma vénia desajeitada, nada digna de alguém tão importante, mas Dionisio esperava que D. Helena percebesse que se devia ao seu nervosismo. Sua senhoria, no entanto, não lhe chegou a dar uma resposta. Em vez disso, desceu da sua montada e focou-se nas duas raparigas.
Ao ouvir as palavras "escolhida do sol" e "herética", Dionisio não conseguiu esconder um ruído de espanto. Um ruído que depressa teve de calar quando sentiu a lâmina da lança aproximar-se um pouco mais do seu pescoço. A mensagem era clara: tinha de permanecer em silêncio absoluto. Não foi tarefa fácil, principalmente quando no final da breve conversa soube que teria de acompanhar os guerreiros Solari para ser interrogado, mas cumpriu de forma exemplar. Tinha a sua consciência tranquila e a certeza de que os Solari rapidamente se iriam aperceber que ele apenas estava no sitio errado à hora errada e manda-lo-iam embora. Só esperava que nessa altura ainda conseguisse encontrar Cacau.

Helena
Localização: Casa algures no Monte Targon

Os aliados de Helena foram rápidos a organizar-se. Lúcio, ofereceu de imediato a sua cabra montante para Leona e reservou um lugar na cabra montante de um dos seus companheiros, Rodolfo cedeu um espaço na sua cabra montante para Dionisio, e outros dois sentaram e amarraram Diana ao dorso de uma cabra montante velha, não fosse ela ter uma ideia inesperada.

De seguida, Helena incitou a cabra montante dela até à de Leona:
- Não precisas mais de te preocupar, Escolhida do Sol. Está tudo sobre controlo.Em breve, vai tudo acabar...

Após iniciarem a jornada ao novo destino, depressa a paisagem desolada iria ser substituida por uma paisagem mais familiar e tradicional aos Rakkor - a típica casa atribuida aos pastores, seclusa do mundo. Para muitos, um sustento de vida.Para outros, um estilo de vida arriscado por ser um fácil alvo para os saqueadores (talvez, por isso mesmo estivesse abandonada).

Rodolfo desceu da sua cabra montante e dirigiu-se ao alpendre da casa, de onde tirou uma tocha de um pedestal e acendeu-a com uma entoação mágica. Adentrou-a e quando se assegurou que a costa estava livre, acenou aos restantes para entrarem.

Todos, sem excepção, foram trazidos para dentro da casa.

- Ficamos felizes por estares finalmente em casa. - Disse Lúcio a Leona com um grande sorriso no rosto. Estava verdadeiramente feliz por finalmente poder falar com o avatar do Sol.

Diana
Localização: Casa algures no Monte Targon

O desenvolvimento de toda aquela situação deixara Diana abalada. Por um lado queria acreditar que Helena estava do seu lado, mas por outro havia algo que não lhe fazia total sentido. Ou então, aquilo que a deixava desconfiada não passava de uma mera teoria da conspiração criada pela sua própria cabeça.

Tal como os restantes, foi trazida aos empurrões para dentro da casa abandonada por um dos soldados Ra'Horak que acompanhavam Helena.

- Para onde a levo? - Perguntou o mesmo soldado sem lhe soltar as "rédeas".

Com um sinal com a cabeça, Helena indicou o quarto ao lado:

- Antes de lançarmos qualquer tipo de julgamento, quero fazer-lhe algumas questões. - Fez uma pausa, depois acrescentando. - O rapaz também.

Diana não mostrou resistência. Simplesmente olhou em direcção ao seu destino e seguiu em direcção ao mesmo, juntamente com outros 3 soldados.

Leona
Localização: Casa algures no Monte Targon

Fomos levados para uma casa no meio das montanhas. Precisava urgentemente de descansar, já mal sentia o meu braço devido à ferida que tinha no ombro provocada pela flexa. Tentei sorrir ao rapaz que estava na casa à nossa espera, mas o que saiu da minha cara foi uma feição estranha misturada com um sorriso e dor. Observei levarem a Diana e o rapaz para um quarto ao lado e segui-os com os olhos. Virei-me para Helena e perguntei:

- Têm alguma coisa para curar a minha ferida? - e depois ainda acrescentei - Que perguntas lhe vão fazer?

Dionisio
Localização: Casa algures no Monte Targon

As conversas terminaram, por fim, e o trio encetou num novo caminho com a orientação dos guerreiros Solari até um casebre que aparentava estar inabitado.
Dionísio manteve o silêncio, embora a sua postura já não espelhasse o medo e tensão sentidos anteriormente. Afinal estava convencido de que seria libertado assim que os Solari percebessem que ele não estava envolvido de forma alguma com nenhuma das mulheres capturadas.
Uma vez no interior da casa, Dionísio foi levado para um dos quartos para posterior interrogatório, junto com a mulher de cabelos descolorados. A ideia de ficar com a herética trouxe de volta algum do medo mas enquanto ela permanecesse amarrada e os soldados estivessem por perto, nada poderia correr mal.
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